Politica

PSB quer barrar sonho presidencial de Ciro Gomes e apoiar PT

postado em 18/04/2010 09:09

O PSB negocia com o PT apoio em cinco estados para dar por encerrada a discussão da candidatura própria e declarar adesão à chapa de Dilma Rousseff (PT) na disputa pela Presidência da República. Enquanto parte da militância do partido de Ciro Gomes (PSB-CE) defende a ideia de o deputado representar a legenda na corrida pelo Planalto, a direção do partido anda afinada com o governo, que trabalha para atrair o PSB para a campanha de Dilma. Para convencer os integrantes do partido que ainda insistem na tese da candidatura própria, os dirigente já avisaram que todos os cargos ocupados por integrantes do PSB na Esplanada dos Ministérios terão que ser devolvidos. ;Não tem sentido sair para uma candidatura sem devolver os espaços que o partido controla no governo. Para acontecer, é preciso devolver os cargos. O próprio Ciro tem ministério ligado a ele;, afirma o presidente do PSB de São Paulo, deputado Márcio França.

O partido escalou o vice-presidente nacional da sigla, Roberto Amaral, para conversar com o PT(1), segundo França. Antes da reunião do dia 27, que deve selar o destino do PSB nas eleições, o partido tenta acertar impasses de palanques estaduais que entravam ou impedem candidaturas para governos e para o Senado. ;São cinco ou seis atitudes que o PT pode tomar ainda, em relação a São Paulo, Brasília, Piauí, Amapá e Espírito Santo. São candidaturas nossas ou com duplo palanque, acerto de Senado e governo;.

Transferência
Os apoiadores da candidatura de Ciro interpretaram a pesquisa de ontem do Instituto Datafolha (veja abaixo) pelo viés da transferência de votos do socialista ao pré-candidato tucano José Serra. Eles alegam que a presença de Ciro ajuda Dilma. ;A pesquisa, mais uma vez, mostra que até para a tese governista, a candidatura é importante. Com a saída do Ciro, quem vai ganhar voto são o Serra e a Marina;, defende o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Mas a queda do deputado, que aparece pela primeira vez atrás da pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva (AC), que tem 10% contra 9% de Ciro, deu força ao discurso da inviabilidade eleitoral que alguns dirigentes adotam para selar a aliança com o PT.

O parlamentar de Minas Gerais diz que a pressão do partido em relação à devolução dos cargos pode afetar os militantes que ainda lutam pela candidatura de Ciro. ;Os que são cargueiros da vida cedem;. O presidente do PSB de São Paulo aponta suposta incoerência em o partido lançar candidatura e relembra a palavra dada por Ciro quando prometeu não entrar em disputa que pudesse prejudicar o governo. ;Ele deu a palavra para a gente que o interesse dele era ajudar o projeto do Lula. Parte do governo entende que outro candidato da situação pode levar um prejuízo ao próprio governo. Que espaço você tem para fazer crítica se você é situação?;, questiona.


1 - Compasso de espera

O líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), informou que o partido está ;dando um tempo para Ciro se acertar;, antes de começar a discutir os impasses entre petistas e candidatos do PSB nos estados, mas, se a legenda entrar na campanha de Dilma, as siglas iniciarão conversa para acomodar os correligionários. ;Temos que esperar o PSB. Se o partido decidir que vai ter candidato, nós vamos respeitar. Se o PSB optar por nos apoiar, está aberto o diálogo;.

Não tem sentido sair para uma candidatura sem devolver os espaços que o partido controla no governo. O próprio Ciro tem ministério ligado a ele;
Deputado Márcio França, presidente do PSB de São Paulo

Pesquisa serena ânimos
Petistas e tucanos respiraram aliviados com a revelação dos dados do Instituto Datafolha. Os dois pré-candidatos à Presidência mantiveram o patamar de intenção de votos da pesquisa anterior. A manutenção do quadro tranquilizou os aliados de Dilma Rousseff (PT). Eles temiam um avanço de José Serra (PSDB) depois do lançamento oficial da pré-candidatura, no último sábado. No ninho tucano, os ânimos serenaram ao perceber que a divulgação da pesquisa Sensus, indicando empate técnico entre os adversários, não teve respaldo na sondagem paulista. Para os petistas, os 38% obtidos por José Serra (PSDB) na simulação estimulada, cinco dias depois da apresentação formal do pré-candidato tucano, foi um resultado positivo, apesar de a ex-ministra petista ficar 10 pontos atrás do ex-governador de São Paulo (28%). ;A pesquisa foi boa para nós. Depois de toda essa exposição do Serra, ele não cresceu;, comenta o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Os dados de ontem são semelhantes aos da consulta anterior, feita cinco dias depois do lançamento da pré-candidatura do PT, que registrou 36% de indicações para o tucano e 27% para a petista na pesquisa estimulada. Atento às minúcias, o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) comemora a vantagem de 12% que Serra abre à frente de Dilma quando o deputado Ciro Gomes (PSB) não é considerado. ;É um resultado que demonstra a força da candidatura do Serra. No cenário mais provável, que é sem o Ciro, ele chega a 12% de frente;.

A forte influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha ficou marcada pela resposta dos eleitores na sondagem espontânea. Na função de ;cabo eleitoral;, a popularidade do presidente (73% o consideram bom ou ótimo) pode desequilibrar o jogo. A enquete indica que 54% do eleitorado ainda não sabem em quem votar quando a pesquisa não indica os nomes. Nesse recorte, Dilma aparece com 13%, contra 12% de Serra. Pesa a favor da ex-ministra o fato de que outros 10% votariam em Lula ou no escolhido por ele.

;Isso justifica que alguns especialistas atribuam favoritismo a Dilma. Ela está mostrando que é uma candidata viável, mas muitas coisas podem interferir. Por exemplo, o eleitorado feminino, onde ela ainda não chega;, disse o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais.

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