postado em 20/04/2010 07:00
Em sua primeira visita a Minas Gerais como pré-candidato à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo José Serra afirmou ontem que, se eleito, vai propor o fim da reeleição para presidente no Brasil. De acordo com ele, um mandato de cinco anos é suficiente para o governante executar as ações propostas e a expectativa de permanência no poder acaba contaminando a atuação. ;Você governa e faz o que deve ser feito e não apenas fica de olho na reeleição;, afirmou. Com o gesto, o tucano admite abrir espaço para que o ex-governador de Minas Aécio Neves possa se candidatar ao Palácio do Planalto ao fim de um eventual governo do PSDB. O tucano afirmou, no entanto, que a medida dependerá do Congresso Nacional(1).Além de abrir a possibilidade para que Aécio possa disputar a Presidência em menos tempo do que se tivesse de esperar oito anos de um eventual governo do PSDB com dois mandatos, Serra não poupou elogios ao colega mineiro em sua passagem por Belo Horizonte. Particularmente simpático, ele chegou cedo para o primeiro compromisso. Em entrevista à rádio Itatiaia, o pré-candidato tucano disse entender a frustração dos mineiros pelo fato de Aécio, que disputou a indicação do PSDB para concorrer à Presidência, ter sido preterido. ;Minas está percorrendo um outro caminho, foi colocada em uma trilha de desenvolvimento que vai ter conseqüências profundas a longo e médio prazo, então eu entendo isso;, afirmou.
;Lista de obras;
Ao defender o fim da reeleição com o mandato presidencial passando de quatro para cinco anos, Serra mais uma vez mostrou simpatia aos mineiros ao defender um período de governo como na época do ex-presidente Juscelino Kubitschek. ;Aí a pessoa pode amadurecer fora do poder e voltar depois;, disse. A possibilidade de reeleição para cargos executivos no país surgiu a partir de uma emenda apresentada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no seu primeiro mandato, sob muitas críticas.
Serra afirmou que se, se eleito, vai dialogar com a oposição, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Serra avalia que, para aprovar mudanças como a da reeleição, é preciso envolver todos. Com o fim do segundo mandato consecutivo, José Serra defendeu um governo de continuidade para programas e projetos que estiverem dando certo, com o Bolsa-Família. Ele criticou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que chamou de ;uma lista de obras;. De acordo com ele, a maior parte delas não deu certo. ;Tem é que definir as obras e fazer acontecer;, disse.
1 - Quorum qualificado
Para acabar com a reeleição no Brasil é necessário a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC). São necessárias duas votações em cada Casa do Congresso, com quorum qualificado (três quintos do total): ou seja, 308 votos na Câmara e 49 no Senado.