Politica

Escolha de Humberto Costa como candidato petista ao Senado em Pernambuco cria desconforto entre aliados de João Paulo

postado em 20/04/2010 08:50
A disputa entre Humberto Costa e João Paulo no PT existe há anos e, apesar das tentativas de evitar desgastes, a escolha de Humberto para concorrer ao Senado não será digerida facilmente pela ala do partido ligada ao ex-prefeito do Recife. Os primeiros sinais de insatisfação surgiram ainda ontem, um dia após o anúncio da definição favorável ao ex-secretário. Diversas correntes petistas se dizem alijadas do processo de discussão sobre o nome do partido que irá compor a chapa de reeleição do governador Eduardo Campos (PSB). A principal crítica é de que a direção local do PT foi excluída desse debate.

;Não foi dada a oportunidade de a executiva estadual discutir qual seria a melhor indicação e isso não representa a história do PT;, justificou Gílson Guimarães, da tendência PTLN. Essa opinião é compartilhada por cinco correntes pelo menos. Segundo ele, a maioria do partido soube da escolha de Humberto por meio da imprensa, o que desagradou a todos. ;Uma pesquisa foi usada para balizar a escolha, que pesquisa foi essa? Se ela existiu, a executiva tinha que ser convocada para discutir. Estamos nos sentindo desconsiderados;, observou.

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, chegou ao Recife no sábado passado com uma pesquisa de intenção de voto, encomendada pela direção nacional, para aferir o potencial eleitoral de Humberto e de João Paulo. Apresentou os números aos dois concorrentes e a mais ninguém do partido. Eles serviram para dar um xeque-mate nas pretensões do ex-prefeito de concorrer ao cargo. A sondagem, disse Dutra, revelou um empate técnico entre Humberto e João Paulo, com pequenas vantagens para o primeiro em alguns cenários. Como Humberto detém o comando do partido e a simpatia de boa parte dos aliados governistas, a alternativa para João Paulo seria ter uma grande vantagem na intenção de votos, argumento derrubado com o levantamento trazido por Dutra.

A chiadeira foi minimizada pelo presidente estadual do PT, Jorge Perez. ;A crítica não tem razão de ser. Não foi uma escolha partidária. Os dois chegaram a um acordo de não ir à prévia e, em seguida, foi João Paulo que retirou a pré-candidatura;, rebateu. Apesar do descontentamento, a decisão do PT é irreversível e a prioridade do momento é construir a unidade do partido. Os petistas ligados a Humberto deram início a uma operação para apagar os focos de incêndio e não têm poupado afagos a João Paulo.

Cenário
Ontem, o líder do governo na Assembleia Legislativa, Isaltino Nascimento (PT), fez um discurso no plenário da Casa repleto de elogios ao ex- prefeito. ;Nós estamos preocupados em criar a estratégia para um novo cenário político. Temos um candidato majoritário e a possibilidade de eleger um dos deputados mais votados do estado. Precisamos, então, preparar as baterias para o que vem por aí;, afirmou Perez. O presidente estadual repetiu uma frase do prefeito do Recife, João da Costa (PT): ;Não é hora de descontentamento. A insatisfação não pode acontecer em prejuízo das nossas candidaturas;.

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