Ivan Iunes
postado em 23/04/2010 07:20
Dois dias depois de a pesquisa presidencial do Ibope mostrar a vantagem de José Serra (PSDB) entre o eleitorado feminino, a pré-candidata Dilma Rousseff (PT) discursou para as mulheres durante o Seminário Internacional Mulher e Política na América Latina, nesta quinta-feira. O evento foi considerado de alta importância pelos estrategistas da campanha petista, mesmo com a posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski ; marcada para o mesmo horário. A estratégia de campanha nas próximas semanas dispensará atenção especial à imagem da pré-candidata com as mulheres e manterá o tom elevado nas críticas a Serra.Para evitar arestas com o novo presidente do TSE, responsável por comandar as decisões judiciais durante a campanha, assessores da petista avaliam o agendamento de um encontro entre o magistrado e a pré-candidata. A posse de Lewandowski teve a presença de outro presidenciável, José Serra. Antes do evento, Dilma voltou a utilizar como mote a comparação entre o governo atual e o de Fernando Henrique Cardoso para criticar o modelo de gestão dos tucanos, durante entrevista à Rádio 730 de Goiás. Ao comentar a atuação do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), a petista aproveitou para estocar os adversários. ;A posição do senador é a de um partido que já defendeu o fim do Bolsa Família, por achar que é contraditório com a geração de emprego. Nós não achamos isso. As pessoas têm direito ao Bolsa Família, não é que o governo quer dar;, criticou Dilma.
A pré-candidata também defendeu a aliança PT-PMDB das críticas do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), de que o acordo seria um ;terreno fértil para a corrupção;. Novamente, a defesa foi amparada pela comparação entre os últimos dois governos. De acordo com os números apresentados por Dilma, a Polícia Federal teria feito 29 operações especiais entre 1995 e 2002, época em que FHC esteve à frente do Palácio do Planalto. No governo Lula, teriam sido mais de mil operações. ;Nunca antes na história desse país houve caso de prisão de governador, prefeito, deputado, empresário e banqueiro. Não que os políticos ou empresários sejam as pessoas que mais cometem malfeitos. É que no Brasil, antes, só se prendiam os pobres;, criticou Dilma.
Isca para Ciro
Questionada sobre a submergente pré-candidatura de Ciro, a petista preferiu minimizar as arestas. A ex-ministra da Casa Civil elogiou o deputado federal e preparou o terreno para uma possível aliança com o PSB a médio prazo. ;Tenho certeza de que nós ficaremos sempre do mesmo lado, seja em que circunstâncias forem;, garantiu.
Sobre a montagem de palanques duplos nos estados, Dilma admitiu a hipótese de dividir o apoio entre dois candidatos da base governista, mas ressaltou a necessidade de acordo prévio entre as legendas, para não provocar fissuras na campanha presidencial. Diversos estados, como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, terão mais de um candidato governista ao governo. ;Para subir em dois palanques vai ter de existir um acordo anterior;, avisou Dilma.
1 - Elas são arredias
Segundo a última pesquisa Ibope encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, José Serra (PSDB) tem dianteira de 11% nas intenções de voto contra Dilma Rousseff, quando considerado apenas o eleitorado feminino. No geral, a pesquisa apontou Serra com 37% das intenções de voto, contra 26% de Dilma, no cenário com Ciro Gomes (PSB). Sem o socialista, os índices ficam em 41% e 28%.