Ivan Iunes
postado em 27/04/2010 07:00
A direção nacional do PSB deve anunciar o fim da candidatura presidencial do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) na tarde de hoje, sem qualquer alternativa para uma saída honrosa ao pré-candidato. Nos bastidores, o comando do partido já admite não saber o que fazer com o capital eleitoral do parlamentar, o mais votado do país, proporcionalmente, em 2006, com 16% dos votos do Ceará. Para evitar um desgaste acentuado com Ciro, a direção nacional da legenda joga a responsabilidade pela decisão para os diretórios regionais. O anúncio está marcado para as 17h de hoje.Com a hipótese praticamente sacramentada de ter as portas fechadas para a terceira candidatura presidencial, Ciro admite apoiar Dilma Rousseff (PT), mas pediu ao próprio partido um tempo para ;lamber as feridas;. Sem a legenda para concorrer à Presidência da República, restaria ao deputado federal a eleição em São Paulo. Ele trocou o título do Ceará para o maior colégio eleitoral do país. O problema é que o parlamentar não admite concorrer a cargos no Legislativo e também não quer disputar o governo do estado.
A sinuca que envolve um dos principais quadros da legenda deixa de mãos atadas a direção nacional do partido. ;Caso Ciro quisesse, poderia ser coordenador de todas as campanhas majoritárias do PSB, mas ele não quer. Nesse momento, não temos como oferecer outro caminho a ele;, admite o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB- DF). O partido deve abrir mão da candidatura de Ciro em troca do apoio ou da ajuda dos petistas em pelo menos seis estados.
A matemática envolvida inclui o apoio do PT a candidatos socialistas no Piauí, em Pernambuco e no Amapá. Em outros estados, como Rio Grande do Sul, Espírito Santo e São Paulo, o partido teria solicitado aos petistas a liberação de partidos menores, para formação de alianças. As legendas preferenciais são PCdoB, PP e PR. A presença de Dilma em palanques duplos também faria parte da fatura cobrada pelo PSB. ;A minha ideia, e acho que vai acontecer, é que, do palanque dela, façam parte todos os apoiadores da campanha e que ela vá a todos os palanques;, antecipa o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Fora da disputa, o próprio Ciro Gomes já admite que não há ofertas possíveis que o façam participar ativamente da campanha de outubro. Em princípio, no máximo fará o apoio declarado ou aparições curtas ao lado de Dilma Rousseff. Fora da política partidária pelo próximo quadriênio, o deputado federal anuncia o período como uma potencial experiência sabática. ;Vou parar um pouco. Escrever, pensar, tentar ganhar algum dinheiro;, resumiu Ciro, nas últimas entrevistas à imprensa.
DILMA MINIMIZA INEXPERIÊNCIA
; A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse não ser uma política tradicional, mas afirmou que a experiência no governo Lula a credenciou para disputar o Palácio do Planalto. O comentário foi em resposta aos ataques do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) sobre sua inexperiência em relação ao pré-candidato do PSDB, José Serra. Em entrevista à Rádio Brasil Sul, de Londrina (PR), ela minimizou recentes pesquisas de intenção de votos que dão vantagem ao tucano. Segundo Dilma, levantamentos mostram um retrato do momento. A pré-candidata voltou a afirmar que, se for eleita, conseguirá levantar dois milhões de novas moradias até 2014, que vão se somar a 1 milhão previsto até 2010 na primeira fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).