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Petistas já admitem ceder

Durante as prévias em Minas, Patrus e Pimentel reconhecem a possibilidade de o PT não ter candidato próprio ao governo

postado em 03/05/2010 07:55
No dia em que o PT de Minas consultou os militantes para escolher entre o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel quem será o candidato ao governo do estado, ambos os lados admitiram que o vencedor pode não ficar com a cabeça de chapa da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois do resultado, previsto para sair hoje à tarde ; até as 21h de ontem, com 16% dos 605 municípios apurados, Patrus tinha 51,6% dos votos contra 48,4% de Pimentel ;, a tarefa é tentar convencer os outros partidos, especialmente o PMDB, de que o PT tem melhores condições eleitorais de chegar ao Palácio da Liberdade. E a pouca mobilização dos filiados para as prévias de ontem mostrou que não será fácil tirar da jogada o ex-ministro Hélio Costa, pré-candidato peemedebista.

Apesar de considerar a palavra intervenção uma leitura equivocada, Pimentel reconheceu que, caso permaneça o impasse na base aliada mineira para formar um só palanque com PT e PMDB, a decisão ficará a cargo das direções nacionais das duas legendas. ;Já está decidida a política nacional de alianças do partido. Quem não entendeu isso dentro do PT é porque não entendeu nada;, disse. O congresso petista decidiu pelo palanque único em Minas, mas deixou em aberto a escolha do nome para o governo. ;Não está escrito em lugar nenhum que o palanque único vai ser liderado por A ou B. Isso vai ser objeto de negociação a partir de agora. Caso o PT abra mão da cabeça de chapa depois das prévias, para Pimentel, não haverá traição aos militantes.;

Ministro Luiz Dulci conversa com militantes durante as prévias: %u201CVamos trabalhar pela unidade em Minas, pelo palanque único%u201DPouco antes de votar, o ex-prefeito afirmou que o partido precisa indicar o nome com melhores condições eleitorais de vencer o governador Antonio Anastasia, o que será mostrado pelas pesquisas. Essa, segundo ele, é a chance de o PT reverter o quadro favorável ao PMDB e garantir a candidatura própria ao governo. Cotado para o Senado, caso Hélio Costa seja o candidato ao governo, Pimentel deixou a possibilidade em aberto. ;Continuo insistindo: o PT tem condições de liderar a cabeça de chapa.;

O ex-ministro Patrus Ananias demonstra mais resistência, mas também admite a possibilidade de o PT não ter candidato próprio ao governo. Ele afirmou que, se vencer as prévias, vai procurar o PMDB e Hélio Costa para viabilizar o palanque único para Dilma em Minas. Patrus disse não ter conhecimento de qualquer acordo prévio em favor de Hélio Costa e afirmou que o estado não pode ser tratado como moeda de troca para garantir o apoio do PMDB nacionalmente. No entanto, Patrus reconhece a candidatura de Dilma Rousseff como prioritária. Por esse motivo, o ex-ministro prega o diálogo para resolver o imbróglio em Minas e refuta qualquer possibilidade de intervenção do Diretório Nacional no estado.

Dulci: definição só depois

O ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, contestou ontem as informações de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já teria escolhido o ex-ministro Hélio Costa (PMDB) como candidato da base aliada ao governo de Minas Gerais. Ao votar nas prévias petistas, ele disse que, na convivência diária, nunca ouviu de Lula declarações taxativas sobre o processo eleitoral do estado. O palanque único, segundo o petista mineiro, é a única estratégia definida e os nomes escolhidos para as vagas de governador, vice e senador na chapa ficarão para depois.

;Não vi essa declaração do presidente Lula (de que Hélio é o preferido). Essas declarações são sempre de terceiros e, às vezes, os terceiros são interessados. Falam não aquilo que o presidente pensa, mas aquilo que eles próprios querem que aconteça;, afirmou Dulci. De acordo com o ministro, a busca será pela unidade em torno da candidatura própria do PT e é preciso evitar decisões precipitadas. ;Pesquisas são importantes e refletem uma realidade de momento mas se há seis meses do pleito elas fossem o único critério, as eleições seriam desnecessárias;, disse. Dulci lembrou que Patrus e o próprio Lula começaram perdendo disputas que venceram nas urnas, e ressaltou que também não acredita em intervenção nacional no processo mineiro. ;Vamos trabalhar pela unidade em Minas, pelo palanque único, mas não se pode excluir nenhuma hipótese. Tem que ser considerado o senador Hélio Costa mas também o Patrus;, disse o apoiador do ex-ministro. (JC)

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