postado em 04/05/2010 07:00
O agronegócio quer mostrar na eleição de outubro o potencial de ser decisivo na escolha do futuro presidente da República. O setor que mobiliza cerca de 1,2 milhão de produtores rurais pretende usar suas cooperativas para doar até 2% do faturamento bruto para candidatos de todos os níveis ; o movimento das cooperativas no geral, no ano passado, ficou em R$ 88 bilhões. A área agrícola representa 50% desse valor, ou seja, R$ 44 bilhões. Com isso, o total de doações pode chegar a R$ 880 milhões, mas o total ainda não está fechado porque depende da participação de cada produtor.Não é por menos que os pré-candidatos ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) visitaram no intervalo de quatro dias as duas principais feiras de agropecuária do país: o Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), e a Expozebu, em Uberaba (MG). E nos dois locais fizeram discursos para agradar aos ouvidos dos ruralistas, condenando as invasões dos sem-terra.
Antes de escolher oficialmente o candidato do setor, os produtores rurais, que representam cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), querem cobrar de Serra, de Dilma e da pré-candidata do PV, Marina Silva, compromissos nas áreas fundiária, ambiental e uma política agrícola. A bancada ruralista pretende apresentar na comissão que debate o Código Brasileiro Florestal, na Câmara, um requerimento de convite aos três para discutir o meio ambiente.
Os ruralistas, no entanto, não escondem um receio em relação à petista e uma maior boa vontade com o tucano. ;Queremos que o Serra abra o jogo e diga o que pensa em fazer para os produtores. Mas pela linha do Serra, que não é tão ideológica como é a da Dilma, é mais fácil essa aproximação;, disse o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
Essa visão é compartilhada pelo líder do PDT na Câmara, Dagoberto Nogueira (MS), aliado de Dilma e candidato a uma vaga ao Senado com apoio dos produtores rurais. Ele disse que no Mato Grosso do Sul sua base demonstram opção por Serra. ;A maioria dos produtores aqui preferem o Serra porque eles não conhecem a Dilma corretamente e acham o Serra mais moderado;, disse o pedetista.
Soja
A campanha da ex-ministra aproveitou as visitas ao Agrishow e à Expozebu para quebrar barreiras e tentar uma aproximação com o eleitorado do agronegócio que historicamente tem um perfil mais conservador. Ela também espera contar com a militância (1) do ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi, o maior produtor de soja do país, para ajudá-la nos financiamentos e na militância de parte do empresariado dessa área.
Além de influenciar politicamente, os empresários do agronegócio poderão utilizar suas cooperativas para fazer doações financeiras aos candidatos. Nem todos os produtores rurais ligados à Confederação Nacional da Agricultura estão unidos em cooperativas. São 1.645 associações agropecuárias espalhadas pelo país que reúnem 942 mil pessoas. Esse setor representa 98% da pauta de exportação das 7.261 cooperativas em 13 ramos de atividade econômica espalhadas pelo Brasil.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo, Edivaldo Del Grande, disse que a estratégia central é eleger o maior número de deputados e senadores e deixar a opção presidencial para cada associação. ;O agricultor é um elo muito esquecido no processo eleitoral. A indústria não dá superávit, quem dá são as commodities. A Dilma e o Serra precisam entender que é preciso atenção ao setor;, disse Del Grande, ligado ao setor do agronegócio.
1 - Críticas
Apesar de beneficiado pela militância do agronegócio, o líder do PDT na Câmara, Dagoberto Nogueira (MS), criticou a falta de organização econômica do setor na hora da eleição. Citou a indústria e o comércio como áreas com maior capacidade de influenciar uma corrida presidencial. ;Quando se trata da questão financeira, os produtores têm muita dificuldade em mexer com isso. Não têm o hábito de ajudar financeiramente;, disse o líder do PDT.
Veja as representações, em arquivo .doc, e .