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Operação João de Barro: mais 47 na mira do MP

Lobista é apontado como elo entre deputados e empresários e prefeitos no esquema de fraudes com emendas parlamentares investigado pela Polícia Federal. Centro dos desvios era em Minas

postado em 06/05/2010 09:30
Belo Horizonte ; A segunda fase da Operação João-de-barro, deflagrada há quase dois anos pela Polícia Federal a partir de investigações do Ministério Público Federal (MPF) de Minas Gerais, denunciou ontem mais um núcleo do esquema de fraudes envolvendo emendas parlamentares ao Orçamento da União ; a maioria de autoria do deputado federal João Magalhães (PMDB-MG). Dessa vez, foram denunciadas 47 pessoas, entre elas o lobista João Carlos Carvalho, apontado pelo MPF como elo entre os deputados investigados e, do outro lado, empresários, prefeitos e servidores públicos municipais e federais.

A movimentação financeira dos convênios entre a União e as prefeituras investigadas alcança a cifra de R$ 2,7 bilhões, com inquéritos em andamento em sete estados brasileiros. A maior parte dos investigados, em muitos casos denunciados, são prefeituras mineiras. Só em Minas Gerais tramitam 200 inquéritos, em todas as regiões do estado. Além do lobista foram denunciados funcionários do primeiro escalão do Ministério das Cidades. Um deles é José Alcino Scarassati, que trabalhava como braço direito do ministro das Cidades, Márcio Fortes (PP-RJ), pai de um empresário da construção civil, André Scarassati, também denunciado. Na época servidor comissionado, Scarassati não trabalha mais no Ministério.

Na mesma pasta também foi denunciado Frederico Carlos de Carvalho Soares, acusado de fornecer informações privilegiadas para o lobista e de acompanhar o trâmite dos processos do esquema. O ex-gerente de projetos do Ministério da Saúde Luiz Cláudio de Vasconcelos e o ex-gerente de gestão da área de projetos da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco Alexandre Isaac Freire integram a relação dos denunciados.

Improbidade
De acordo com a denúncia do procurador Edilson Vitoreli, que responde pela Região Leste do estado, onde está centralizada a maioria das cidades investigadas, no início das apurações, o lobista João Carlos aparecia como mais um empresário que participava do esquema de fraudes que seria comandado pelo deputado João Magalhães, alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal e de 37 ações de improbidade na Justiça Federal. O deputado nega qualquer tipo de envolvimento com as fraudes e afirma desconhecer as irregularidades na aplicação de suas emendas parlamentares.

;Aos poucos, porém, a influência de João Carlos Carvalho foi aumentando a tal ponto, que, sem abandonar suas antigas atividades, passou a exercer a função de gerenciador do processo de obtenção de recursos, tornando-se o principal conectivo das diversas engrenagens que compunham a máquina delitiva;, diz um trecho da denúncia do MPF apresentada anteontem para a Justiça Federal de Governador Valadares (MG).

Segundo o MPF, em cada ;degrau de atuação da organização criminosa, as verbas públicas eram dilapidadas e assenhoreadas pelos criminosos e, no fim, quando muito, apenas 50% dos recursos teriam sido aplicados de fato em benfeitorias para a população;.

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