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Governo protege secretário

Lula defende Romeu Tuma Júnior, citado em inquérito da PF sobre a máfia chinesa

Flávia Duarte
postado em 06/05/2010 09:25
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lavou as mãos em relação à denúncia de envolvimento de Romeu Tuma Júnior, secretário nacional de Justiça, com o chefe da máfia chinesa em São Paulo, Li Kwok Kwen, mais conhecido como Paulinho Li, conforme noticiado ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo. Oficialmente, Lula afirmou que o futuro do delegado no cargo caberá ao Ministério da Justiça. À noite, porém, o ministro Luiz Paulo Barreto esteve com o presidente a portas fechadas. E saiu do Centro Cultural do Banco do Brasil, onde Lula tem despachado desde que o Planalto entrou em reforma, sem falar com a imprensa. Mais cedo, o presidente saiu em defesa de Tuma Júnior. ;Tem que esperar a investigação. Todo mundo sabe que o delegado Tuma Filho é um delegado muito experimentado na polícia brasileira, na polícia de São Paulo, um homem que tem uma folha de serviços prestados a este país;, minimizou.

A despeito das impressões do presidente, e-mails e interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram uma relação estreita entre o secretário e Paulinho Li, processado por contrabando e descaminho e atualmente preso aguardando julgamento. Nas comunicações levantadas por agentes federais, o secretário faz encomendas para Paulinho Li e parece dar tratamento preferencial a processos de anistia de estrangeiros agenciados pelo chinês. A PF afirmou que o inquérito em que Tuma Júnior é mencionado já foi finalizado e não cita o secretário no rol de indiciados. O Ministério Público Federal também não encontrou indícios para incluí-lo no rol de denunciados. Em nota, o Ministério da Justiça destacou que Tuma Júnior não foi alvo de nenhuma investigação, apenas manteve contato com um dos investigados.

Depoimento

Em comunicado escrito, o ex-ministro da Justiça Tarso Genro informou que tinha conhecimento da presença do nome do secretário nas investigações da PF e que o aconselhou a prestar depoimento sobre o caso, como ;acabou ocorrendo;. De fato, consta do inquérito que Tuma Júnior procurou os agentes federais para se explicar. Menos diplomático que Lula, ao se referir ao fato, Genro, que está em Porto Alegre, destacou que ;a PF está cumprindo seu dever, tratando igualmente todo cidadão brasileiro;. Em Brasília, o secretário almoçou com o ministro Luiz Paulo Barreto para debater o assunto. No início da tarde, reuniu-se novamente com vários diretores do Ministério da Justiça para um compromisso que, segundo a assessoria do órgão, já estava agendado previamente.

Ao sair da reunião, Tuma Júnior fez a única manifestação pública do dia, que durou menos de 30 segundos. Visivelmente nervoso, o secretário afirmou, em sala montada, para o que, inicialmente, seria uma entrevista coletiva, que nada poderia falar. ;Não tive acesso nenhum a essa investigação, portanto, é impossível falar sobre ela. Fica um compromisso meu a vocês de falar sobre isso tão logo eu saiba;, disse, antes de virar as costas e deixar o local. A primeira audiência do caso da máfia chinesa em São Paulo está marcada para amanhã.

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