postado em 11/05/2010 08:46
Reunidos em São Paulo ontem, os tucanos decidiram fazer uma nova investida sobre o PP nos estados. O alvo da vez é o Rio Grande do Sul, onde o partido do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) já esteve bem próximo de fechar o acordo com o PSDB, mas terminou recuando por causa da resistência tucana em fechar a coligação para deputado federal.A avaliação feita pelo PSDB é a de que a aliança está emperrada por conta de apenas um deputado federal, o que é muito pouco diante de um partido que pode atrair uma boa estrutura para auxiliar na campanha, tanto para o governo estadual quanto para a Presidência da República. Afinal, o staff do PP gaúcho inclui hoje cinco deputados federais, 150 prefeitos e 1.500 vereadores, números nada desprezíveis para quem concorrerá ao governo estadual e ao Planalto. Por isso, a ideia dos tucanos é tentar convencer o partido no Rio Grande do Sul a aceitar a proposta pepista.
Dentro dessa estratégia, ontem, em entrevista à rádio CBN pela manhã, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, elogiou o PP do Rio Grande do Sul: ;O de lá é excelente, tem bons quadros, o de Santa Catarina também;, comentou Serra, que está de olho no apoio dos pepistas nas duas unidades federativas. Ele fez os elogios quando perguntado se teria o apoio do PP de Paulo Maluf e aproveitou para dizer que ;Maluf é um, não é o PP do Maluf;, afirmou.
Loteamento
Serra aproveitou para dizer que, na área de infraestrutura, pretende acabar com o ;loteamento político das agências reguladoras. ;Fui prefeito, governador, ministro da Saúde. Nunca deixei parlamentares indicarem diretores de empresas. A responsabilidade é do chefe de poder. Por que pegar alguém que não tem competência técnica? Só por ser de um partido?;, questionou Serra.
Ele repetiu que pretende manter o Bolsa Família. Entretanto, considera que o programa tem que ser ;mais atrelado à saúde é à educação;. Mais uma vez, reforçou a criação do ministério da Segurança e se rendeu à mudança do regime de exploração de petróleo na camada pré-sal, de concessão para partilha da produção, como prefere o governo federal.
Ao se referir aos royalties, o discurso soou como música para os ouvidos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, ao dizer que esses estados não podem perder receitas com as quais contavam antes. Falou ainda da política externa e voltou a defender uma reforma do Mercosul. Nesse contexto, disse que não votaria no presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mas defendeu uma relação amistosa com o país vizinho. Aparentando bom humor, Serra só perdeu a calma durante a entrevista quando perguntado se, eleito, quem seria o presidente do Banco Central de seu governo.
Marina contra a pasta da Segurança
A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, criticou ontem, em São Paulo, a ideia de José Serra (PSDB) de criar o Ministério da Segurança Pública, caso seja eleito. Segundo ela, a nova pasta não resolveria o problema. ;Faltam propostas e reformas de base nas políticas de segurança pública;, ressaltou. Marina também disse que o uso das Forças Armadas em funções de segurança é um improviso do Estado. ;As Forças Armadas não podem ser tratadas como um puxadinho;, afirmou.