postado em 15/05/2010 07:00
A eleição ao Senado virou a aposta do PT para garantir tranquilidade ao partido a partir do ano que vem e, principalmente, em 2014, seja qual for o cenário de vitória ou derrota da pré-candidata ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. A estratégia de colocar toda a máquina partidária em prol da corrida presidencial é acompanhada pela participação de candidatos competitivos ao Senado, deixando em segundo plano nomes próprios aos governos estaduais.O partido disputa as vagas ao Senado com candidatos próprios em 24 unidades da Federação. Como cabeça de chapa na corrida pelo governo estadual, no entanto, o PT terá apenas 11. Esses números refletem a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de olho em aumentar a bancada de senadores a partir de 2011 e, se Dilma for eleita, garantir uma governabilidade mais tranquila do que ele teve durante os dois mandatos. Essa conta tem um olhar de longo prazo, uma situação mais confortável para o PT em 2014, seja com a reeleição ou com a disputa contra a oposição.
Os petistas não devem ter concorrente ao Senado somente em Sergipe, Amapá e Espírito Santo. Há chance de ficar sem nome também no Distrito Federal, mas o deputado Geraldo Magela (PT-DF) tenta se viabilizar na chapa, que hoje conta com um pré-acerto com o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB).
Ao governo, a lista de apoios a aliados é extensa. Os petistas decidiram abdicar da disputa em 14 estados, entre eles Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Paraíba, Pernambuco e Roraima. Tudo para favorecer postulantes de outros partidos em prol da aliança nacional com Dilma.
Três candidatos entram na eleição ao Senado com a promessa que terão à disposição todos os recursos da máquina partidária nacional para garantir uma corrida mais tranquila: Marta Suplicy, em São Paulo; Gleisi Hoffman, no Paraná; e Lindberg Farias, no Rio de Janeiro. A ex-prefeita paulistana concorre na vaga deixada por Aloizio Mercadante, deslocado para a disputa pelo governo estadual, com o peso de ter uma vitória obrigatória.
Marta enfrentará uma corrida complicada com também nomes considerados competitivos, como o ex-secretário estadual Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o senador Romeu Tuma (PTB), o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) e o vereador Netinho de Paula (PCdoB), vereador na capital. Se a petista for derrotada, o PT ficará isolado apenas com Eduardo Suplicy, que tem mandato até 2014.
Protagonista
O PT também promete apoio financeiro e de material para Lindberg para tê-lo como opção em 2014. No Rio de Janeiro, o partido não tem atuação de protagonista, ficando relegado a papéis coadjuvantes. E desde que Lula tirou o ex-prefeito de Nova Iguaçu do PCdoB promete que ele terá função de destaque na engrenagem estadual. No Paraná, Gleisi Hoffman também está na lista para ser favorecida pelo Diretório Nacional como a opção para diminuir a influência dos tucanos, que terão como candidato ao Senado o ex-prefeito de Curitiba Beto Richa, que tem aprovação expressiva graças à vitória em primeiro turno na última eleição municipal derrotando justamente Gleisi.
O pré-candidato do PDT ao governo paranaense, Osmar Dias, gostaria de retirar a petista do páreo e tê-la como vice na chapa, temendo que o PT coloque todos os esforços para eleger Gleisi e o deixe sem apoio. O presidente Lula acredita que os governadores não podem fazer oposição ferrenha ao Palácio do Planalto por depender dos recursos e parcerias federais para tocar projetos importantes, o mesmo, na lógica do presidente, não se repete no Senado, onde os parlamentares, sem comprometimento, podem fazer oposição cega.
No Pará, onde a governadora Ana Júlia ainda tenta um acordo para receber o apoio do deputado Jader Barbalho (PMDB), que concorrerá ao Senado, a aposta será o deputado Paulo Rocha, réu no processo do mensalão. A Direção Nacional não colocou o Pará como prioridade para ajudar a campanha de Rocha na batalha contra Jader.