Politica

As "fantasmas" de Efraim denunciam esquema

Duas estudantes do Distrito Federal descobrem que estavam lotadas em gabinete de parlamentar paraibano sem nunca terem trabalhado no Senado. Elas denunciaram o esquema após tentarem abrir conta em banco

postado em 19/05/2010 08:21

O senador Efraim Morais (DEM-PB) foi envolvido em escândalo por empregar funcionárias fantasmas em seu gabinete. Duas estudantes procuraram a 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho I), cidade do Distrito Federal, para denunciar o esquema. A irmãs Kelriany Nascimento da Silva, 33 anos, e Kelly Janaína Nascimento da Silva, 32, entregaram procuração a uma amiga que ofereceu oportunidade de as estudantes ganharem ajuda de custo de R$ 100 de uma entidade de ensino no DF. Elas assinaram a procuração e entregaram documentos à intermediadora. Quando uma delas procurou agência bancária para abrir uma conta-salário, descobriu que era lotada no gabinete de Efraim com salário de R$ 3,8 mil.

Assessores de Efraim Morais negaram a participação do parlamentar no esquema e culparam uma advogadaO gabinete do senador nega participação do parlamentar no episódio das funcionárias fantasmas. O subchefe do gabinete, Marcus Vinícius Souto, disse ao Correio que a denúncia não é contra o parlamentar, mas contra uma advogada identificada como Mônica da Conceição Bicalho. A advogada, afirma o subchefe, presta serviço de assessoria jurídica ao gabinete. Sua irmã, identificada como Kátia, seria a responsável pela tesouraria do escritório e teria contratado as duas moças para auxiliar no trabalho jurídico. ;A Kelly e a Kelriany trabalhavam para a Mônica em um escritório, prestando assessoria jurídica. Tanto é que a procuração que elas apresentaram é específica para esse trabalho. Elas eram amigas e brigaram. Fizeram a ocorrência para atingir a Mônica, não o senador;, afirmou o subchefe de gabinete.

A história foi desmentida pelas envolvidas no caso. ;Ela (Kátia) pediu nossos documentos, autorização para abrir conta no banco e depois ela falou que ia passar o número da conta e o cartão para gente, para podermos estar recebendo esse auxílio. Aí o tempo foi passando, e elas traziam a quantia para a gente até em casa;, contou Kelriany ao Jornal Nacional, da Rede Globo. ;Nunca imaginei que eu poderia ser uma funcionária fantasma. Nunca me passou pela cabeça;, completou Kelly.

A assessoria do parlamentar informou que até a noite de ontem as funcionárias ainda não haviam sido exoneradas. O pedido de afastamento será feito hoje, segundo o gabinete. O nome de Kelly e Kelriany ainda aparece na listagem de funcionários do Senado. Funcionária fantasma, Kelriany ganhou até promoção no gabinete de Efraim. Da nomeação de AP04 de 26 de março de 2009, assinada por José Gazineo, a estudante subiu para AP06, em 10 de julho de 2009. De acordo com o Ato n; 1.327, de 1; de abril de 2009, também assinado por Gazineo, Kelly foi nomeada para exercer cargo de assistente parlamentar AP04 no gabinete de Efraim. Em 14 de setembro daquele ano, ato assinado pelo diretor-geral da Casa, Haroldo Feitosa Tajra, transfere a estudante para o gabinete da liderança da minoria, cargo exercido anteriormente pelo parlamentar.

Explicação
Na noite de ontem, o gabinete do senador Efraim divulgou nota em nome da advogada Mônica da Conceição Bicalho que exime o parlamentar de participação no esquema de funcionários fantasmas. ;Em março de 2009, devido à abertura de duas vagas no núcleo profissional do gabinete e à excessiva demanda na minha área de atuação, fiz solicitação à chefia de gabinete de preenchimento das vagas para pessoas que pudessem me auxiliar. Foi autorizada pelo gabinete a contratação de ambas e a partir de então passaram a prestar serviços sob a minha coordenação no Núcleo de Orçamento e Jurídico em atividades externas. Não foi levado ao conhecimento do senador Efraim Morais essa situação irregular;, teria escrito a advogada.

Segundo o advogado de Kelriany e de Kelly, Geraldo Faustino da Rocha Júnior, as irmãs aguardam pronunciamento da Polícia Federal ; que vai investigar o episódio ;, da Polícia Legislativa, do Ministério Público e da Presidência do Senado antes de tomar qualquer providência. No entanto, ele informou que deve ajuizar ação pedindo indenização por danos morais.

MP DOS APOSENTADOS DE VOLTA A CÂMARA
; Acordo de líderes do Senado deve garantir a votação da medida provisória (MP) que reajusta o benefício dos aposentados na sessão de hoje. Mas no que depender do governo, a proposta deve voltar à Câmara, pois o texto original deve ser alterado porque a MP chegou ao Senado com contradições. O relator da proposta, senador Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou ontem que as discrepâncias entre o índice aprovado pela Câmara (7,7%), o teto estabelecido no texto do documento e a tabela de reajustes não devem ser alterados simplesmente como mudança de redação. Em seu parecer, ele indicará a necessidade de a Câmara reavaliar a MP. Apesar das alterações, Jucá promete manter o índice de 7,7%, em vez dos 7% propostos pelo relator do projeto na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). (JJ)

Colaboraram Flávia Foreque e Mara Puljiz


Ficha Limpa pode ser votado hoje

A oposição do Senado jogou a última carta para tentar driblar manobra do governo de condicionar a votação do Ficha Limpa à dos projetos que tratam do pré-sal. Após as lideranças assinarem o pedido de urgência para votar a proposta que veta a candidatura de políticos com histórico criminal, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou questão de ordem evocando precedente aberto na Câmara que permite a votação de projetos em regime de urgência com a pauta trancada se houver acordo de líderes. Na manhã de hoje, a Mesa Diretora dará parecer. Se o Senado aprovar o pedido de Virgílio, o Ficha Limpa poderá ser votado hoje em sessão extraordinária, sem ficar atrelado à análise das medidas provisórias que trancam a pauta e aos projetos dos pré-sal.

Em caso de a Mesa não aceitar a questão de ordem do PSDB, o Ficha Limpa só será votado depois de acordo dos líderes para montar calendários de votação das propostas do pré-sal no Senado. O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), o líder do PSDB e o líder do DEM, José Agripino (RN), se reuniram ontem para tentar chegar a um acordo e limpar a pauta. Os líderes da oposição sugeriram calendário para votar os quatro projetos do pré-sal até o fim de junho, se o governo retirasse a urgência das propostas, para o Ficha Limpa ser apreciado.

No entanto, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou ontem que o governo não vai retirar a urgência dos projetos do pré-sal e disse que a base aliada tem maioria para garantir que o Ficha Limpa não passe na frente das propostas que regulam a extração de petróleo. ;O que garante a votação é limpar a pauta do Senado. Tivemos reunião com 37 senadores da base para discutir a votação do pré-sal.;

Mal-estar
A declaração do ministro causou mal-estar na Casa. A oposição reclama que o governo tenta passar por cima do Legislativo e ameaça represália durante as discussões da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se os governistas usarem a votação do Ficha Limpa como moeda de troca para desengavetar o pré-sal. ;Recomendaria que o ministro fizesse melhor o papel dele, porque daqui a pouco ele vem à Casa discutir LDO. Tenho urgência em votar o pré-sal, só não aceito essa urgência humilhante;, rebateu Arthur Virgílio.

Apesar de mudar o discurso, dizendo-se, somente agora, favorável à votação rápida do Ficha Limpa, o senador Romero Jucá não apoia a convocação de sessão extraordinária para votar o projeto. Segundo o parlamentar, o Ficha Limpa deve ser votado na próxima semana, depois de os parlamentares realizarem mutirão para aprovar as quatro medidas provisórias que trancam a pauta e os quatro projetos do pré-sal. ;Vamos discutir o mérito. Tenho algumas dúvidas em relação à inconstitucionalidade. Não vamos pedir vistas, nem audiência pública para discutir o Ficha Limpa. O projeto deve ser votado na próxima semana;, afirmou o líder do governo. (JJ)

Ouça trechos da entrevista com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação