postado em 20/05/2010 09:14
Com fogos de artifício e fazendo muito barulho em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), cerca de 300 servidores do Poder Judiciário da União fizeram ontem mais um ato de manifestação para pressionar a aprovação do projeto que reajusta o salário da categoria em 56%. Cinco sindicalistas foram recebidos no intervalo da sessão plenária pelo vice-presidente do STF, Carlos Ayres Britto, e pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, que dizem estar empenhados pela negociação, apesar de não admitirem greve.A categoria mantém indicativo de paralisação desde o começo do mês e ameaça cruzar os braços por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira caso as negociações não avancem. Os servidores querem que o reajuste seja aprovado ainda neste semestre, pois avaliam que, depois disso, o Congresso estará paralisado por conta das eleições.
Na semana passada, o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, se reuniu com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), e líderes partidários para pedir que o projeto seja votado em regime de urgência. Mas ouviu um não como resposta. Os parlamentares admitem votar a matéria somente depois das eleições de outubro, e ainda condicionam a votação a uma redução no índice do reajuste.
Ayres Britto disse que a possibilidade de greve preocupa, mas acredita em consenso. O ministro Lewandowski, por sua vez, afirma estar se empenhando pessoalmente para que haja acordo. No Congresso, reuniu-se com Temer e o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e também foi ao encontro do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, para tratar do impacto que o reajuste causará aos cofres públicos ; estimado em R$ 4 bilhões por ano.
Lewandowski defende o reajuste de 56%, sob o argumento de que os vencimentos do Judiciário estão defasados em relação às folhas salariais dos Poderes Executivo e Legislativo. Segundo ele, a comissão instituída há uma semana ; com membros do STF e do Ministério do Planejamento ; já se reuniu para discutir o tema. ;O governo alega que não há verbas para fazer com que esse projeto seja concretizado este ano, mas que eventualmente nos anos subsequentes, de forma parcelada, alguns desses pontos podem ser implantados;, disse o ministro.
Sindicato
O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no DF (Sindjus-DF), Roberto Policarpo, está convencido de que haverá greve caso não haja uma reviravolta nas negociações. ;A gente tem consciência que os ministros têm se empenhado, mas é preciso mais agilidade;, disse. Policarpo acrescentou que discorda da postura dos ministros de não admitirem a paralisação. ;A greve é o último recurso, mas é um ato de cidadania. Claro que toda greve prejudica a população, mas só quem pode evitá-la é o próprio Judiciário;, ponderou.