Agência France-Presse
postado em 20/05/2010 16:04
A Corte Interamericana de Direitos Humanos iniciou nesta quinta-feira (20/5) uma audiência de dois dias para julgar o Brasil por crimes cometidos pelas forças de segurança da ditadura militar (1964-1985), em meio a pedidos de justiça feitos por famílias de vítimas, constatou um jornalista da AFP.O tribunal, presidido pelo peruano César García Sayán, ouviu os testemunhos de parentes de desaparecidos, que relataram as experiências que tiveram durante 30 anos tentando localizar seus entes queridos e levar os responsáveis ao banco dos réus. "Há 30 anos queremos esclarecer as circunstâncias das mortes e que seja feita justiça aos responsáveis", declarou na audiência Laura Petit da Silva, irmã de uma desaparecida.
Nesta audiência pública, com representantes das vítimas e do governo brasileiro, a Corte julga o caso Gomes Lund, mais conhecido como "Guerrilha do Aragauaia", referente à detenção arbitrária, tortura, assassinato e desaparecimento de pelo menos 70 pessoas entre 1972 e 1975.
Essas vítimas foram capturadas durante uma operação militar para destruir um movimento de resistência armada à ditadura no estado do Pará (norte).
O Brasil tem se negado desde o retorno à democracia, em 1985, a abrir uma investigação para esclarecer os fatos e determinar responsabilidades, amparando-se em uma Lei de Anistia promulgada em 1979 pelo regime militar.