Politica

Aspirantes ao Planalto mostram que são bons de garfo para não desperdiçar votos

postado em 23/05/2010 12:23
Às vésperas de mais uma campanha presidencial entra em cena novamente uma das estrelas das eleições: a exótica iguaria nordestina buchada de bode, servida a todos os candidatos e símbolo da identidade deles com a região. Desde a época de Fernando Henrique Cardoso e até os dias de hoje, o prato vem merecendo destaque na mesa daqueles que têm fome de voto. Apesar de a buchada ser a campeã absoluta, outros pratos regionais também são incluídos nos cardápios dos presidenciáveis, mesmo que eles mantenham dietas espartanas, a exemplo dos acarajés da Bahia, o feijão tropeiro de Minas, o pequi do Cerrado e o tradicional churrasco do Sul. Ou seja, na conquista do eleitorado, o candidato, além de um bom programa de governo, ;precisa ter estômago forte e boca aberta;, como define bem o especialista em marketing político Gaudêncio Torquato.

Ainda esquentando os tambores para a corrida eleitoral, o candidato tucano José Serra, que mantém uma dieta longe de gorduras e condimentos, teve que enfrentar uma verdadeira maratona de comida nordestina e, claro, encarou a buchada de bode, durante o Carnaval. Amigos e assessores de Serra garantem que é difícil ver o presidenciável se deliciando com qualquer tipo de comida, mas na sua mesa os preferidos são mesmo as frutas, o queijo branco e acreditem, a pipoca. Considerado elitista por parte do eleitorado, foi demais para o estômago de Serra, entretanto, adicionar à buchada, um acarajé que lhe foi oferecido em Salvador (BA), no mesmo período. Ele abriu mão do bolinho no prato, optando por algo mais light, como risoto com carne. Em sua segunda campanha à Presidência, Serra demonstrou que aprendeu a rezar na cartilha do candidato faminto de voto e ainda em agosto do 2009, durante uma homenagem a Luiz Gonzaga em Exu (PE), não recusou o bode assado e o guisado, a paçoca de charque, o baião de dois e a farofa de cuscuz. Ou seja, prevaleceu a máxima do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB): ;Comer buchada de bode é patriotismo;.

Teste
A candidata petista Dilma Rousseff, que também adota uma dieta balanceada e passa longe de comida industrializada, ainda não encarou o teste da buchada de bode. Entretanto, já abriu a boca para degustar um pastel de queijo em Santos (SP), no mês passado, durante uma visita à cidade. As padarias são um dos locais preferidos dos paulistas, que formam o maior colégio eleitoral do pais, portanto, um ponto de parada obrigatória dos candidatos à Presidência. Que o diga o ex-presidenciável Geraldo Alckmin, que se empanturrou de tanto comer pastel com café, oferecido pelos eleitores em diversos eventos.

Mineira, Dilma Rousseff não esconde sua preferência pela comida caseira e organiza sua agenda, de acordo com assessores, para tentar sempre almoçar e jantar em casa, sendo que na mesa, não faltam o arroz integral e o feijão. Seguindo as dicas da alimentação saudável, a ministra é adepta ainda da linhaça, além de verduras, legumes refogados ; típicos da comida de Minas ; e peixes grelhados. Os excessos ficam por conta dos pratos prediletos: a bachalhoada e o polpetone. Os mais próximos de Dilma, entretanto, garantem que ela não terá dificuldade de encarar a diversificada gastronomia regional brasileira, em razão do paladar democrático.

Se depender da ;boca aberta; para conquistar o eleitorado, a candidata à Presidência do Partido Verde, a ex-ministra Marina Silva, terá graves entraves pela frente. Alérgica a vários tipos de alimentos ; camarão, frutos do mar, carnes vermelhas, condimentos, laticínios ; Marina mantém uma dieta rigorosa e, por recomendação médica, não pode jamais se arriscar em pratos regionais. De acordo com o coordenador da pré-campanha, Alfredo Sirkis, a ex-ministra já se sentiu mal em um avião, apenas porque usou uma colher que estava suja com sopa de camarão, servida durante o voo. Sirkis garante que a restrição alimentar não preocupa. ;Oferecer feijoada, churrasco é que não dá voto, porque só comparecem aos eventos os amigos e esses já votam em nós;, conclui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação