postado em 25/05/2010 10:22
Não é só por causa da Copa do Mundo que os muros e as paredes de Ipatinga, no Vale do Aço, ganharam novas pinturas. O campeonato mundial na África do Sul também não é o assunto principal nas rodas de conversa dos amigos, praças e bares, tampouco em filas de bancos. A eleição extemporânea que vai decidir os rumos políticos da principal cidade do Vale do Aço, marcada para domingo, mudou a rotina dos moradores. Carros de som e os tradicionais santinhos com promessas de campanha, a todo momento, lembram o pleito.Quase um ano e meio depois de a maioria dos municípios brasileiros empossarem seus representantes no Executivo, cerca de 180 mil eleitores de Ipatinga voltam às urnas para escolher o novo prefeito e pôr fim a um imbróglio jurídico que já dura dois anos e que começou antes mesmo das eleições municipais de 2008. Neste período, o então candidato Chico Ferramenta (PT), que tentava retomar o poder, e o prefeito da época, Sebastião Quintão (PMDB), que buscava o segundo mandato, foram os protagonistas da disputa que saiu das ruas e foi parar na Justiça.
Ferramenta venceu a eleição com quase 15 mil votos de vantagem sobre o adversário, mas foi impedido de tomar posse devido a uma decisão judicial que cassou o seu registro de candidatura, porque teve contas rejeitadas em administrações anteriores. Segundo colocado, Quintão chegou a assumir a prefeitura, mas também foi cassado, em 27 de fevereiro de 2009, depois que a Justiça acatou denúncia de abuso de poder político e econômico.
Agora, os candidatos são outros, mas nem por isso a disputa deixou de ser acirrada. No domingo, o juiz da 131; Zona Eleitoral de Ipatinga, Antônio Augusto Calaes de Oliveira, negou pedido de liminar feito pela coligação A Força do Povo, encabeçada pela deputada estadual Cecília Ferramenta (PT), em ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) protocolada também no mesmo dia contra a coligação Ipatinga Unida e Forte, que tem à frente o ex-presidente da Câmara Municipal Robson Gomes (PPS), que administrou a cidade entre fevereiro de 2009 e o fim de abril deste ano, em governo provisório. Na denúncia, os advogados de Cecília afirmam que Robson estaria sendo beneficiado eleitoralmente pela distribuição de kits escolares, o que caracterizaria abuso de poder.
Pelo PRTB concorre Ilton Câmara - (Leonardo Morais/Esp. EM/D. A Press)
Pelo PRTB concorre Ilton Câmara
No início da noite de segunda-feira, cinco vereadores assinaram pedido de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a denúncia. O pedido deve ser apreciado nesta terça-feira em plenário na Câmara. A denúncia foi feita por servidores. Em nota, a assessoria de Robson caracterizou o ato de desesperado e de baixo nível. ;Insatisfeitos, os vereadores de oposição encabeçados, inclusive, pelo candidato a vice do PT, o vereador Saulo Manoel, usaram uma prerrogativa da Câmara, instalando uma CPI, justamente para criar fato que pudesse repercutir na imprensa e se transformar em panfletos difamatórios. É uma estratégia de política caudilha;, diz a nota.
Robson e Cecília polarizaram as eleições em Ipatinga e estão à frente em todas as pesquisas realizadas no Vale do Aço, o que deve se refletir nas urnas, com uma disputa voto a voto. No início da última semana antes do pleito, os dois candidatos saíram cedo nas ruas na segunda-feira para conquistar a confiança dos eleitores ainda indecisos. O método de abordagem continua sendo o tradicional, já conhecido em eleições anteriores: o corpo a corpo nas ruas, com abraços e apertos de mão, passeatas com promessas de governo e comícios.
Em sua campanha, a petista Cecília Ferramenta tem no palanque o apoio do marido Chico Ferramenta, que administrou a cidade por três mandatos (1989-1992, 1999-2000 e 2001-2004) e é um dos lideres políticos da região. Uma vitória também poderia significar a volta da hegemonia do PT no município depois de seis anos. O partido foi derrotado em 2004 pelo peemedebista Sebastião Quintão. A chapa é composta pelo vice, o vereador Saulo Manoel (PT).