Estado de Minas
postado em 26/05/2010 09:32
A pressão do tucanato paulista para que o ex-governador Aécio Neves deixe de disputar o Senado para ser candidato a vice na chapa do presidenciável José Serra não deve surtir efeito. Aliados do mineiro garantem que é praticamente nula a chance de ele rever seu posicionamento. De volta nesta quarta-feira à cena política, depois de um longo período no exterior, o ex-governador reassume as rédeas da campanha à reeleição do seu sucessor Antonio Anastasia, participando de uma série de compromissos políticos no segundo maior colégio eleitoral do país. O encontro com o pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto só deve ocorrer na semana que vem, mas não há ainda qualquer confirmação.Com a expectativa pelo retorno de Aécio e a queda de Serra nas pesquisas de opinião pública, perdendo espaço para a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, os tucanos voltaram a pressionar pela chapa puro-sangue. Lideranças próximas ao ex-governador, no entanto, dizem que essa possibilidade é remota e que ele não é homem de aceitar pressão. ;Aécio é candidato ao Senado, pois sabe que, desta forma, ajuda mais tanto ao Serra como ao Anastasia;, disse o secretário de Governo Danilo de Castro.
O próprio José Serra deu sinais na terça-feira de que já não conta com Aécio em sua chapa. ;Não há nada que imponha o Aécio ou não. O que está acontecendo agora nas pesquisas a gente previu. Uma coisa não tem nada a ver com a outra;, afirmou depois de sabatina dos pré-candidatos à Presidência promovida pela Confederação Nacional da Indústria, em São Paulo. O presidenciável também disse nunca ter exercido pressão sobre o colega de partido.
Aécio chegou a pleitear a vaga de candidato a presidente pelo PSDB e defendeu prévias partidárias para a escolha do nome. Com a indefinição de Serra e o adiamento de uma decisão por parte do partido, no entanto, acabou abrindo mão em favor do paulista. Desde então, Aécio sustenta que vai se voltar para o estado, como pré-candidato ao Senado.
Com um discurso pacificador, o ex-governador passou praticamente todo o ano passado tentando convencer Serra e o PSDB a realizar as primárias. Apesar de sempre estar colocado nas pesquisas, Aécio sustentou que o partido deveria observar também quem reuniria maiores condições de atrair novas alianças na corrida pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para Aécio, a definição do presidenciável tucano deveria ter ocorrido no segundo semestre de 2009 ou, no mais tardar, no fim do ano. Em alguns momentos, ele chegou a dizer que decisão não poderia ficar restrita nas mãos de um pequeno grupo como ocorreu em 2006, quando a cúpula do partido decidiu lançar a candidatura do ex-governador paulista Geraldo Alckmin a presidente da República.
Em solo mineiro, Aécio define nesta quarta-feira uma agenda de atividades ao lado de Anastasia. O ex-governador também se prepara para uma série de encontros com lideranças do estado. O tucano vai conduzir as negociações com os partidos aliados pela indicação do vice na chapa de Anastasia. Por enquanto, um dos principais cotados para a vaga é o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Alberto Pinto Coelho (PP). No entanto, o DEM, aliado de primeira hora dos tucanos, deixou claro que não vai abrir mão da vaga. A legenda indica o presidente estadual, deputado federal Carlos Melles, mas o deputado federal Marcos Montes também estaria cotado. O presidente nacional dos democratas, deputado Rodrigo Maia, aguarda para os próximos dias uma reunião com Aécio sobre o tema.