postado em 27/05/2010 08:32
Em depoimento à Polícia Legislativa do Senado, o contínuo do gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) Gilberto Rocha da Mota afirmou que a prática de nomeações fantasmas é comum na Casa. Disse ainda que conhece contínuos que prestam serviços para outros parlamentares que também são recrutados para tomar posse no lugar do comissionado que deveria ocupar a vaga. Gilberto, que assina a procuração de posse das estudantes Kelly Janaína Nascimento da Silva, 28 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 32 anos, revelou que foi procurador de outros funcionários do gabinete de Efraim que assumiram o cargo sem aparecer no Senado. ;Não me recordo do número de servidores que tomei posse;, disse ele, no depoimento prestado no último dia 21.O contínuo revela que sempre era requisitado para tomar posse em nome de outra pessoa. A responsável por intermediar a ação de Gilberto no departamento de Recursos Humanos do Senado seria a funcionária comissionada Rosemary Ferreira Alves de Matos, nomeada em 2005. ;Em todas as vezes que precisei tomar posse para algum comissionado, o pedido era feito pela Rosemary;, afirmou à Polícia do Senado.
A assessoria de Efraim informou que a Rosemary é a ;secretária; do gabinete e não tem privilégio de dispensa de ponto, a exemplo do que ocorria com Kelly e Mônica da Conceição Bicalho, comissionada de Efraim e suposta recrutadora das estudantes que denunciaram o esquema de contratação de servidores fantasmas. O envolvimento de mais uma pessoa do gabinete no esquema assustou os funcionários de Efraim. Rosemary é considerada funcionária ;exemplar; pelos colegas. No depoimento, Gilberto afirma que ;nunca viu; Mônica nem a irmã Kátia da Conceição Bicalho, que conseguiu procuração para movimentar a conta-salário das funcionárias fantasmas.
Depoimento
Ontem, advogados de Mônica e Kátia compareceram à Polícia do Senado para ter acesso aos autos da investigação. O advogado Paulo Braga, que representa as irmãs, não quis antecipar se as duas comparecerão ao depoimento marcado para hoje. Mônica e Kátia foram intimadas a comparecer na condição de investigadas. A expectativa da Polícia Legislativa é que elas faltem ao depoimento, mas o não comparecimento pode comprometer ainda mais a situação das investigadas.
Apesar de as denúncias de contratação de funcionários fantasmas já atingirem diretamente cinco funcionários do gabinete do senador Efraim e indiretamente outros dois ; a mãe e o irmão de Mônica, que também estão lotados e com ponto liberado ;, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), ainda não pensa em abrir investigação contra o parlamentar do DEM. Apenas a constatação de uma transferência de dinheiro dos fantasmas para a conta do parlamentar poderia provar o envolvimento de Efraim no caso e levar a investigação da Polícia Legislativa para a corregedoria, informam agentes ligados à apuração do escândalo.
Tuma ontem conversou com o diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo de Araújo Carvalho, e sugeriu realização de acareação entre Kelly, Kelriany, Mônica e Kátia, para confrontar a versão das estudantes que afirmam que suas identidades foram usadas de forma irregular e das irmãs que tinham procuração para movimentar a conta onde era depositado o pagamento das supostas fantasmas. A ideia de Tuma é criticada pelo advogado de Kelly e Kelriany, Geraldo Faustino. ;Como ele quer fazer acareação se Mônica e Kátia nem prestaram depoimento ainda? E se elas não apresentarem uma versão contrária à da Kelly e Kelriany? É prematuro fazer acareação nesse momento.;