postado em 27/05/2010 09:37
Com as alianças nacionais e regionais praticamente definidas, o PT começou a se preparar para a hora de se sentar à mesa com os partidos coligados no plano nacional e fechar os critérios para as viagens da candidata Dilma Rousseff a estados onde há palanques duplos, ou seja, mais de um candidato a governador. De antemão, o PT já fechou um pré-requisito para essa conversa: ;A candidata obedecerá ao que for estipulado no conselho dos partidos, mas que não venham pedir o mesmo para o presidente Lula. Ele irá aonde quiser. Afinal, não é nem candidato. É presidente da República;, avisa o comandante do PT, José Eduardo Dutra.O aviso foi feito na noite de terça-feira, quando Dutra participava do programa Tribuna Independente, da Rede Vida. Ontem, os petistas tratavam esse assunto como decisão tomada: ;Ele, Lula, é presidente da República. O que querem? Que a gente mande no presidente da República?! Não é possível a gente querer dar ordens ao presidente da República;, comenta o secretário-geral do partido, José Eduardo Cardozo, que, como Dutra, não será candidato e estará dedicado à campanha presidencial.
A avaliação do PT é a de que Lula não deve nem sequer se licenciar do governo para fazer campanha. O presidente considera que, quanto mais forte ele estiver no governo, melhor para sua candidata. Lula também disse há alguns dias que não irá a estados onde houver mais de um palanque na defesa da candidatura de Dilma Rousseff. Mas os aliados ficaram de cabelo em pé diante das declarações dos petistas de que o presidente, do alto da popularidade de mais de 70%, poder sair por aí em defesa deste ou daquele candidato nos estados. Há um receio de que Lula termine levado a eventos públicos ao lado do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que disputará a reeleição. Wagner é amigo do presidente de longa data e Lula foi inclusive um dos entusiastas da campanha ao governo baiano em 2006. No mesmo patamar está o ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT) no Rio Grande do Sul.
Nos dois casos, quem fica alarmado com a hipótese de Lula aparecer para defender os petistas é o PMDB. Na Bahia, Geddel Vieira Lima e, no Sul, José Fogaça. Entre os gaúchos, mais da metade dos deputados peemedebistas já decidiu apoiar José Serra justamente pela falta de uma política de boa vizinhança com o PT no estado. Se Lula fizer campanha para Genro e não der atenção a Fogaça, reforçará o afastamento entre PT e PMDB no estado.
Regras
O PSB, que vem cobrando a presença de Dilma no palanque de Paulo Skaf em São Paulo, começa a ficar preocupado com o fato de Lula fazer campanha para Aloizio Mercadante (PT) ao governo estadual, deixando de lado o presidente da Fiesp. O PR cobra a presença da ex-ministra e de Lula no palanque de Anthony Garotinho no Rio. Não quer o presidente apenas com o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Em Mato Grosso do Sul, onde a disputa é entre Zeca do PT e o governador André Puccinelli (PMDB), candidato à reeleição, os peemedebistas calculam que em breve Puccinelli anunciará o apoio a José Serra, até porque acreditam que Lula não deixará de tentar alavancar o seu antigo companheiro de pescaria no estado.
As regras para presença de Dilma nos palanques aliados serão definidas depois da primeira semana de julho, quando se encerra a temporada de convenções partidárias e o período de inscrição de candidatos. PSB e PMDB pretendem chegar para o encontro pedindo algum critério para os deslocamentos de Lula. A intenção do PT, no entanto, é não arredar o pé e manter o presidente livre das regras eleitorais.
Em dose dupla
A coordenação de campanha de Dilma Rousseff tenta resolver os impasses nos principais colégios eleitorais do país, onde existem dois candidatos aliados:
Rio Grande do Sul
PT ; Tarso Genro
PMDB ; José Fogaça
São Paulo
PT ; Aloizio Mercadante
PSB ; Paulo Skaf
Rio de Janeiro
PMDB-PT ; Sérgio Cabral
PR ; Anthony Garotinho
Bahia
PT ; Jaques Wagner
PMDB ; Geddel Vieira Lima