Ivan Iunes
postado em 31/05/2010 08:40
Com tempo reduzido de televisão e orçamento apertado, a pré-candidata ao Planalto Marina Silva (PV) decidiu apostar as cartas nos debates e nas sabatinas promovidas com presidenciáveis. A preparação para os eventos ganhou, nos últimos dias, função de alta hierarquia na pré-campanha da senadora acreana. Ao assumir o microfone durante uma rodada de perguntas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na semana passada, Marina fez questão de apresentar o time de ;preparadores;, escalados para a função de subsidiar a pré-candidata nos debates e sabatinas. O grupo inclui Paulo Sandroni e Eduardo Gianetti, além do empresário Guilherme Leal, vice na chapa verde. O marqueteiro Paulo de Tarso também acompanhou de perto o ensaio.Somente no mês de maio, os principais candidatos ao Palácio do Planalto se encontraram três vezes em sabatinas e debates. Com os encontros cada vez mais frequentes, a candidata do PV tem dedicado tempo considerável para ter um bom desempenho nos eventos. E para cada rodada de propostas, outros especialistas têm sido convocados. No início do mês, prefeitos do interior mineiro auxiliaram a pré-candidata durante o encontro promovido pela Associação Mineira de Municípios. A série de dados recebidos sobre as cidades brasileiras cimentou as propostas verdes apresentadas duas semanas depois, durante a Marcha dos Prefeitos, em Brasília. A empreitada também contou com o auxílio do ex-prefeito de Atibaia (SP) José Roberto Tricoli (PV).
A campanha de Marina conta com um número flexível de colaboradores ; os voluntários podem variar entre 10 e 40 pessoas. O grupo não apenas abastece a candidata de dados como também sugere táticas para melhor se comunicar com o eleitorado e atacar os adversários. Nesse ponto, contudo, Marina é ;turrona;. Não aceita as sugestões sem contestar ou questionar a eficácia da estratégia. Na função de marqueteiro de campanha, quem carrega o bastão é Paulo de Tarso, responsável pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989 e 1994. Ele tem reforçado o discurso de que Marina ;não é candidata a santa, mas a presidenta;, o que implica adotar um tom mais duro e crítico em relação aos adversários.
Púlpito
O caráter missionário da pré-campanha de Marina, no entanto, não foi totalmente engavetado. Evangélica, seguidora da Assembleia de Deus, a senadora ocupou o púlpito durante um culto na cidade de Mogi Guaçu, interior de São Paulo, nesse domingo. Aos religiosos e 20 pastores que representam a Assembleia na região, a pré-candidata pediu que não ;satanizem; seus adversários nas eleições. ;O mesmo Deus que me ama, ama Dilma (Rousseff), ama (José) Serra e ama Plínio (de Arruda Sampaio);, enalteceu Marina.
Por 40 minutos, a pré-candidata falou sobre sua vida, sua carreira política e os seus problemas de saúde. Os presentes entrecortavam com ;glória; e ;aleluia; a afirmação de Marina de que havia sido curada pela fé, depois de ser desenganada pelos médicos ao contrair malária e hepatite. Questionada sobre a conveniência de ocupar o púlpito de local religioso para fazer discurso de campanha, a senadora tergiversou e disse que não temia as críticas. ;Não temo por questões de princípios, a minha fé é pública, todos me conhecem;, declarou. ;Sou o que sou desde quando eu era cristã católica. Nós somos um Estado laico e isso é muito positivo tanto para quem crê como para quem não crê, ou é evangélico, como para espírita, como para católico ou qualquer pessoa;, completou.