postado em 03/06/2010 07:30
A pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) teve dia de cabo eleitoral durante visita a Goiânia nesta quarta-feira (2). A presidenciável foi escalada para tentar aumentar o desempenho dos pré-candidatos ao governo goiano, Íris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PR), em desvantagem nas últimas pesquisas na disputa contra o senador Marconi Perillo (PSDB-GO). O revés do tucano faz parte de uma lista de prioridades eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Segundo levantamentos recentes, o pré-candidato tucano está em vantagem em relação aos aliados do governo federal. Para tentar reverter a situação delicada, a agenda de Dilma incluiu entrevistas a programas de rádio, grupos de comunicação e um almoço com empresários locais. Em todos os locais, o nome dos pré-candidatos foi um mantra.
Os elogios foram direcionados ao governador Alcides Rodrigues (PP) - que apoia Vanderlan -, e à administração de Íris à frente da prefeitura de Goiânia. "Nós sempre olhamos para os nossos aliados com o desejo de que formem palanque único. Se há uma divisão, o importante é que eles se unam no segundo turno", apontou Dilma.
Para prestigiar os dois apoiadores, a presidenciável visitou primeiro Vanderlan, ao lado do governador, de manhã. À tarde, foi até a prefeitura, para conversar com Íris e o sucessor, Paulo Garcia (PT). Em ambos os encontros, desviou da imprensa. Os únicos depoimentos públicos da pré-candidata durante a viagem foram uma entrevista a uma rádio local e um pronunciamento na Federação das Indústrias de Goiás (FIG).
A ex-ministra da Casa Civil procurou dividir os dois discursos. Para a rádio, ligou a imagem aos programas mais populares do governo federal, como o Luz para Todos e o Minha Casa, Minha Vida e enalteceu a importância dos aliados para a sobrevivência dos projetos. Diante das críticas à paralisação da reforma do aeroporto de Goiânia, a petista voltou aos tempos de Esplanada dos Ministérios. Criticou as análises de sobrepreço feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e antecipou o tom de campanha: "Buscamos acordo para não ter de voltar e fazer as licitações novamente. Mas, se preciso, faremos a licitação de novo. A questão do aeroporto virou meta pessoal. Assumo o compromisso de resolver essa questão", declarou.
Aos empresários, Dilma preferiu vestir outro figurino. Saiu de cena a %u201Cpopular%u201D, para dar vez à técnica. A petista destilou promessas de lutar pela reforma tributária, abaixar os juros e lutar contra a invasão de produtos chineses contrabandeados. "Temos de perseguir a reforma, para resolver problemas graves no Brasil, de guerra fiscal entre os estados, e temos de simplificar os tributos ao máximo. Desonerar integralmente exportações e medicamentos será prioridade", antecipou a pré-candidata.
Com vistas à diminuição da taxa de juros, a petista prometeu ainda intensificar os investimentos e diminuir a dívida pública do país. A meta, segundo ela, é alocar 22% da receita do país para infraestrutura e colocar a dívida a um patamar de 28% do Produto Interno Bruto (PIB). Hoje, ela está próxima de 40% do PIB. Na entrada do evento, Dilma ainda passou por um protesto de professores da rede pública municipal, que cobravam o pagamento do piso salarial para os docentes, de R$ 1.312,85.
MARINA ABSOLVIDA
A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nancy Andrighi, negou ontem o pedido do Ministério Público Eleitoral para que a pré-candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República, Marina Silva, fosse multada. O MPE pode entrar com recurso para que a decisão da ministra seja revista pelo plenário da corte. Marina é acusada de se beneficiar de propaganda eleitoral antecipada em 11 de maio, durante cerimônia na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, em que recebeu o título de cidadã honorária do estado. No local do evento, havia uma faixa com a frase "CMarina é a cara do Brasil".
Candidato de rebeldes
A Executiva Nacional do PMDB já indicou o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (SP) para ser candidato a vice na chapa da petista Dilma Rousseff. Mas as resistências no partido à aliança com o PT não estão contidas. Sinal claro disso foi o movimento feito ontem pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), que registrou, na direção nacional, a candidatura do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), à Presidência da República. A intenção é levar a proposta à convenção do partido, que ocorre no dia 12 em Brasília.
Simon não mede palavras ao acusar o partido de estar mais interessado em "cargos e vantagens" do que em um projeto de governo para o país. "O partido fez aliança com o Fernando Henrique, e agora fez com o Lula. E não é um grupo que apoia um, e um grupo diferente que apoia o outro. É o mesmo Renan Calheiros, o mesmo Jader Barbalho. É o mesmo Michel Temer", criticou. "E eles sabem que se o Requião ganhar não terão cargo nenhum".
O movimento é mais uma tentativa de marcar posição, pois, mesmo entre os rebeldes, existe a avaliação de que há maioria para aprovar a indicação de Temer a companheiro de chapa de Dilma. Até mesmo o presidente do PMDB no Paraná, Waldyr Pugliesi, que apoia o lançamento do governador paranaense, reconhece que é difícil a missão de derrotar o grupo de Michel Temer. "O Requião sabe que é uma situação extremamente difícil", disse Pugliesi. Questionado sobre o porquê de o nome ser apresentado por outro estado, o presidente da legenda afirmou que a estratégia pode dar mais "consistência" à candidatura.
Segundo a assessoria do PMDB, o nome de Requião só será levado à convenção se for pautado pela Executiva Nacional. Pelo Twitter, Roberto Requião confirmou ser candidato à Presidência da República e que autorizou Simon a registrar sua candidatura.
A candidatura de Requião é mais um problema para a candidatura de Dilma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de resolver. O presidente se reuniu ontem com o governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), para tentar demovê-lo de ser candidato à reeleição. O PT gostaria que o governador apoiasse Osmar Dias (PDT), com quem os petistas tentam se coligar, e evitar que ele se junte ao PSDB. Mas Pessuti avisou que manterá a candidatura e disse acreditar que dois palanques favorecem a candidatura de Dilma no estado.
"O partido fez aliança com o Fernando Henrique, e agora fez com o Lula. E não é um grupo que apoia um, e um grupo diferente que apoia o outro. É o mesmo Renan Calheiros, o mesmo Jader Barbalho. É o mesmo Michel Temer"
Pedro Simon, senador