postado em 07/06/2010 12:10
O pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB), acompanhado do ex-governador Aécio Neves e do governador Antonio Anastasia, retorna a Minas nesta segunda-feira. Visitará Montes Claros, onde terá encontro com lideranças regionais. A expectativa é que a presença de Aécio ; que fará sua primeira aparição pública ao lado do ex-governador paulista desde que retornou de viagem ao exterior ; sirva de impulso para o engajamento dos prefeitos tanto na campanha de Serra quanto no trabalho para a reeleição de Anastasia. Apesar da ameaça real da ;Dilmasia; (apoio casado à reeleição do governador e à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff), o presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams), Valmir Morais (PTB), ressaltou que Aécio poderá mudar a situação: ;Basta o Aécio pedir que o Norte de Minas possa abraçar também a candidatura do PSDB à Presidência da República;.Valmir Morais informou que cerca de 50 a 60 prefeitos deverão participar do encontro com o pré-candidato tucano, marcado para as 15h, no Automóvel Clube de Montes Claros. Segundo Morais, a maioria dos prefeitos norte-mineiros já declarou adesão à campanha para a reeleição de Anastasia e apoio à candidatura de Aécio ao Senado.
A tendência atual é de que os prefeitos norte-mineiros apoiem Anastasia para governador e Dilma Rousseff para presidente da República. A afirmação é do prefeito de Salinas, José Prates (PTB), um dos cabeças da "Dilmasia". Seria algo semelhante ao "Lulécio", liderado pelo próprio José Prates em 2006, quando uma frente de prefeitos apoiou as reeleições de Aécio Neves para o governo de Minas e de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República. A diferença desta vez é que os prefeitos também deverão votar em Aécio para o Senado.
José Prates disse que sabe que um número expressivo de prefeitos, "incluindo filiados ao PSDB e ao PT", vão apoiar Dilma para a Presidência e Antonio Anastasia para o governo estadual. "Não posso falar os nomes porque não sou porta-voz deles", argumentou. Segundo o prefeito de Salinas, o movimento do voto casado em Dilma e Anastasia vai se ampliar depois do prazo final para convenções, 4 de julho, quando as candidaturas forem oficializadas. "Acho que a "Dilmasia" vai ser mais forte do que o "Lulécio". Em 2006, o voto conjunto em Lula e Aécio aconteceu mais por acompanhamento a um sentimento do povo. A "Dilmasia" também é um fruto de um sentimento, porém, mais racional e mais consciente", assegurou.
O prefeito de Itinga (Vale do Jequitinhonha), Charles Ferraz (PT) é um outro chefe do Executivo municipal que deverá abraçar a "Dilmasia". Ele defendeu publicamente o voto casado em Dilma e no governador tucano durante evento na Cidade Administrativa, no mês passado. Por isso, já foi notificado pela Secretaria de Assuntos Institucionais do diretório do PT mineiro a dar explicações. Ferraz não foi localizado pela reportagem. Mas recebeu a solidariedade do seu colega de Salinas, que, em 2006, acabou sendo expulso do PT por liderar o Lulécio. "Acho um absurdo qualquer tipo de censura ao prefeito de Itinga. O voto é livre. É uma liberdade de expressão. Nada pode proibir isso."
Reivindicações
José Serra fará hoje a sua quinta viagem ao estado desde que se descompatibilizou do governo de São Paulo para concorrer à Presidência ; nos últimos meses, esteve duas vezes em Belo Horizonte e visitou Uberlândia e Uberaba. Será também a primeira viagem do pré-candidato tucano a Montes Claros, polo do Norte de Minas e importante centro universitário. Em 2002, quando também disputou a Presidência da República, Serra fez poucas visitas a Minas Gerais e não chegou a ir ao Norte do estado, apesar de a região ter cerca de 2 milhões de votos.
Nesta segunda-feira, Serra vai receber um documento com as principais reivindicações da região ao governo federal. "O plano de desenvolvimento do Norte de Minas" foi elaborado em encontro de lideranças políticas e empresariais, organizado pela Amams. De acordo com Valmir Morais, entre as principais demandas da região estão: a implantação de um porto seco, a criação de uma universidade federal e investimentos na melhoria da estrutura de atendimento à saúde, além de infraestrutura para a exploração de gás natural e de minério de ferro, riquezas descobertas há pouco no Norte do estado.
Os prefeitos querem ainda que o candidato a presidente assuma o compromisso de que, se eleito, vai criar um repasse mínimo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), cujas receitas, reclamam, vêm caindo, asfixiando as pequenas prefeituras. O mesmo documento será entregue a Dilma Rousseff e outros candidatos à Presidência da República.