Estado de Minas
postado em 09/06/2010 16:35
A união forçada entre PT e PMDB para lançar uma só candidatura da oposição ao governo de Minas ; com a escolha do ex-ministro Hélio Costa (PMDB) para encabeçar a chapa ; pode acabar se tornando um casamento de aparências. É o que parte de um PT rachado pensa, um dia depois de a Executiva Nacional petista enquadrar os mineiros para garantir, nacionalmente, o apoio dos peemedebistas à presidenciável do partido, Dilma Rousseff. Para eles, a campanha ao Palácio da Liberdade ficará em segundo plano. Na tentativa de apagar o incêndio, a direção estadual aprovou resolução dizendo "acolher" a decisão de Brasília e convocando a militância a fazer o mesmo. Depois de quase dois anos de briga para encabeçar a chapa da base aliada em Minas, as relações entre PT e PMDB parecem estar estremecidas. Nos bastidores, alguns petistas dizem que só não vão lavar as mãos por terem de fazer campanha para o ex-prefeito Fernando Pimentel ao Senado e Dilma presidente, além do esforço redobrado para eleger boas chapas de deputado estadual e federal, agora que perderam a cabeça de chapa. Segundo uma liderança do partido, depois da batalha travada com Hélio Costa não será possível se tornar aliado em um dia. "Não vamos com Anastasia, mas daí a estar engajado na campanha do Hélio é outra coisa. Os prefeitos dificilmente vão com o Hélio e eu não vou parar minha campanha para ir negociar com eles", afirma uma liderança.
A decisão da Executiva Nacional teve como avalista a ex-ministra Dilma Rousseff, a quem coube o papel de acalmar os mineiros mais exaltados. Além de resolver o problema com o PMDB, a candidatura de Pimentel o afasta do processo de desgaste que vem sofrendo na coordenação da campanha de Dilma, com suspeitas de seu envolvimento na suposta montagem de um dossiê contra os tucanos. A presidenciável quer que Pimentel continue a coordenar sua campanha e viaja com ele hoje para São Paulo.
O recado do presidente do PT nacional, José Eduardo Dutra, foi duro: o jogo acabou, é o custo da aliança nacional. A fala rasgada caiu como uma bomba sobre um PT já desgastado pela disputa interna pelas prévias partidárias entre o ex-ministro Patrus Ananias e Pimentel, e depois a luta com o PMDB. O secretário-geral do PT mineiro, deputado estadual Durval Ângelo, desabafou: "As pessoas já não gostam se estão sendo enganadas com sutileza, ainda mais quando isso é feito tão estúpida e burramente como fizeram. Pimentel ganhou as prévias, esteve melhor nas pesquisas. Como explicar à militância que dois mais dois não é igual a quatro?".
O problema, segundo Durval não é a aliança com o PMDB, mas a forma como ela foi estabelecida. A consequência, também para ele, será a desmobilização dos filiados. "Se eu não gosto de ser enganado, imagina a nossa militância que tanto trabalha para construir esse partido? Hoje, o sentimento da base do partido ; e não paro de receber telefonemas deles ; é de frustração", disse.
O líder do PT na Assembleia, deputado Padre João, diz que passado o turbilhão, será preciso convencer os petistas de Minas. "Não basta uma decisão nacional. As coisas não estão dadas assim. Temos ainda que construir um acordo em Minas. Isso depende de um compromisso do pré-candidato Hélio Costa de avançar na construção de um projeto e em uma composição que acomode todas as forças políticas. Só assim a gente vai conseguir levar nossa militância para as ruas;, disse. O deputado federal Odair Cunha também indica que o momento é de juntar os cacos. "Logicamente gostaríamos que fosse um nome do PT, mas não foi, então é bola para frente. Com o tempo essa mágoa será superada", afirmou.