postado em 10/06/2010 08:10
Após 12 anos sem um candidato próprio às eleições presidenciais, o Partido Verde oficializa hoje no Centro de Convenções Brasil 21 os nomes da senadora Marina Silva, 52 anos, e do empresário Guilherme Leal, 60 anos, na disputa ao Palácio do Planalto. Apesar do ingresso recente na legenda ; ambos se filiaram ao PV no segundo semestre do ano passado ;, dirigentes do partido apontam a ocasião como um momento histórico na trajetória verde. ;Nós construímos uma oportunidade de quebrar um processo que estreitava a discussão sobre o futuro do país;, afirma o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, em referência à polarização do debate entre candidatos do PT e do PSDB.Apesar da unidade em torno da candidatura de Marina, o programa do partido, cujo texto será renovado e votado hoje, defende propostas que encontram resistência da própria senadora. Convicções históricas do PV, como a legalização do aborto, a defesa da descriminalização da maconha e da união estável entre casais homossexuais não são bandeiras da principal estrela do partido. ;Todos esses temas serão reafirmados, mas a gente aprendeu a conviver com a diferença. O que você não pode é não dar espaço para que as pessoas especifiquem suas diferenças;, argumenta Marco Antônio Mroz, dirigente nacional do partido e um dos coordenadores da campanha da senadora. A expectativa é de que 1,5 mil pessoas participem da convenção.
O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) pondera que não cabe ao presidente da República definir a política nacional em relação a esses temas. ;O importante não são as ideias pessoais do candidato. É a certeza de que ele é um democrata e que só vai colocar em prática as ideias que têm o apoio da população;, afirmou o parlamentar, primeiro candidato do PV ao Palácio do Planalto, em 1989 (leia Para saber mais). A senadora já manifestou a disposição de realizar consultas públicas para saber a opinião dos brasileiros sobre questões como a legalização do aborto e da maconha.
Marina lança sua candidatura às eleições presidenciais após quase 30 anos de militância no PT. Em agosto do ano passado, quando anunciou a saída do partido, a senadora afirmou não alimentar mais ilusões sobre as legendas partidárias. ;Já tive uma visão idealista, hoje tenho a clareza de que todos (os partidos) têm problemas a serem sanados;, afirmou. Na época, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AC), era alvo de diversas denúncias de irregularidades, mas com o apoio do PT, saiu incólume da turbulência política.
Nessa nova etapa da disputa presidencial, o desafio de Marina não será apenas aumentar o índice de intenções de votos do eleitor brasileiro, de 9% de acordo com a última pesquisa do Ibope. O Partido Verde precisa ainda superar dificuldades para costurar alianças regionais. ;Estamos fazendo um trabalho de articulação em todo o país para ter candidaturas no máximo de estados possível;, afirma Sérgio Xavier, pré-candidato verde ao governo de Pernambuco. A legenda já garantiu candidatura própria nos principais colégios eleitorais (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), mas as alianças ainda estão em construção em outras unidades da Federação. Apesar dos obstáculos, o clima é de otimismo entre os dirigentes. ;O partido nunca esteve tão entusiasmado;, avalia Mroz.