postado em 11/06/2010 08:55
Com um pré-candidato à Presidência ignorado e um polêmico projeto aprovado na madrugada pelo Senado, o PMDB chega à convenção do partido, amanhã, em Brasília, sem a unidade desejada para aprovar o nome do deputado Michel Temer como vice na chapa da ex-ministra Dilma Rousseff, do PT. O ex-governador do Paraná Roberto Requião registrou a pré-candidatura à Presidência e, caso a Executiva Nacional do PMDB não aceite levar a candidatura à convenção, ele ameaça contestar na Justiça a reunião do partido.O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da capital do estado, Eduardo Paes, também se rebelaram. Por conta da aprovação da emenda de Pedro Simon (PMDB-RS) que redistribui os royalties do petróleo a todos os estados e municípios e extingue o privilégio dos estados produtores ; como Rio e Espírito Santo ;, as lideranças fluminenses dizem que não comparecerão ao congresso do partido.
O edital que convoca os filiados traz uma única pauta: aprovar o nome de Michel Temer, presidente da sigla e da Câmara, para vice na composição com Dilma na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A convocação foi publicada no último dia 2. Na quarta, 9, Requião registrou a pré-candidatura à Presidência no diretório nacional do partido, dentro do prazo regulamentar de 48 horas antecedentes à convenção.
Antes disso, Requião afirma ter tentado por três vezes deixar clara ao partido sua intenção de disputar a Presidência, por meio de procuração encaminhada ao senador Pedro Simon. Os dois peemedebistas tentaram, sem êxito, encontro com Temer na Câmara. ;O Michel é meu amigo pessoal e não tenho conflitos com ele nem com sua candidatura a vice. O problema é que Michel quer menos do que eu quero;, ironizou Requião.
Ao lado do senador Pedro Simon, do presidente de honra do PMDB, Paes de Andrade, e dos deputados gaúchos Darcísio Perondi e Osmar Terra, Requião cobrou a inclusão da opção pela candidatura própria à Presidência na cédula da convenção. Ele diz ter o respaldo dos diretórios do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Amanhã, garante, estará na convenção. ;A não ser que me neguem, além da inscrição (como pré-candidato à Presidência), o direito à palavra.; Seguindo o usual estilo polêmico, Requião ameaçou entrar com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até sair do partido caso a inscrição seja ignorada. ;Não somos um partido de banqueiros nem acredito que a ex-ministra (Dilma) seja capaz de ser presidente.;
Royalties
A ameaça do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes também preocupa a direção do PMDB, principalmente em razão da proximidade dos dois ao presidente Lula. Por 41 votos a 28, o Senado aprovou na madrugada de ontem a divisão dos royalties do petróleo de forma igualitária entre estados e municípios, o que representaria perdas para o Rio de Janeiro e para o Espírito Santo, estados produtores de petróleo.
Senadores do Rio falam em perdas anuais de R$ 10 bilhões. Para o Espírito Santo, o prejuízo seria de R$ 3 bilhões anuais, segundo o senador capixaba Renato Casagrande. Conforme a emenda de Simon, caberia à União, com a própria parte recebida dos royalties, compensar as perdas. ;Foi uma decepção ter companheiros do PMDB nessa covardia, nesse achaque;, disse Sérgio Cabral. ;Não irei à convenção porque não me sentirei à vontade.;
Pedro ;Quixote;
No centro da rebeldia no PMDB, às vésperas da convenção, está o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Eterno insatisfeito com os rumos da sigla, ele articula a pré-candidatura de Roberto Requião à Presidência e foi o autor da emenda sobre redistribuição dos royalties do petróleo que irritou Sérgio Cabral, governador do Rio, e Eduardo Paes, prefeito da capital fluminense. ;O que o Rio perde será compensado pela União;, minimizou Simon. Sobre a candidatura de Requião, é categórico: ;É provável que a gente perca, mas queremos disputar.;
Américo quer privatizar Petrobras
Candidato do PSL ao Planalto autografa livro: ;Vitória no primeiro turno se tiver o programa de governo divulgado;
Ação da Petrobras a um real para todos os brasileiros é o que promete o experiente Américo de Souza, de 78 anos, quando assumir a Presidência da República. Américo acredita nisso ; nas ações da maior estatal brasileira a um real e no êxito nas urnas. Ele é o candidato do nanico PSL a presidente, lançado ontem na convenção nacional da sigla, em Brasília. Américo derruba Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) no primeiro turno, e passa uma rasteira no que sobrar para a etapa seguinte. Como? ;É só divulgar o meu programa de governo. Eu sou o único que tem um programa de governo.;
As propostas de Américo ; ex-deputado, ex-senador, ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ex-candidato a vice-presidente e empresário do ramo imobiliário ; estão publicadas em um livro, que tem um título longo: Um novo Brasil: o despertar do gigante adormecido em berço esplêndido. Filiados ao PSL fizeram fila pelo autógrafo de Américo, escolhido candidato a presidente na convenção que reuniu cerca de 200 pessoas.
Está tudo no livro. A privatização da Petrobras, dos Correios, do Banco do Brasil e de todas as estatais brasileiras é condição, segundo ele, imprescindível para o pagamento da dívida interna do país. ;Essa dívida é de mais de R$ 1,5 trilhão;, diz o candidato liberal, explicitamente de direita e convicto de que, se eleito, vai emplacar a segunda bandeira ; ou seria a primeira? ; mais importante de um eventual governo seu. Américo quer instituir a tributação única. Cancelam-se todas as bases de cálculo e cria-se um tributo único, de 10%, incidente sobre os rendimentos das pessoas físicas e jurídicas.
Autógrafos
A convenção do PSL no Hotel Nacional foi o espaço ideal para Américo apresentar as propostas e, principalmente, para divulgar seu livro ; a contracapa é tomada por uma foto enorme do candidato a presidente. Em duas horas, sua candidatura estava homologada no partido. Formou-se a fila para os autógrafos.
;Assine o meu, presidente, sou presidente do PSL Mulher de Tocantins;, pediu a pré-candidata a deputada federal Maria Eliane Santos, com um livro nas mãos. Ligada a movimentos sociais, evangélica, Maria Eliane acredita mais na sua candidatura do que na de Américo. ;Para Deus, nada é impossível.;
Ministro Américo, como é chamado pela maioria dos correligionários, vai para a disputa devendo uma explicação mais convincente sobre as ações da Petrobras a um real. ;Todos os brasileiros compram as ações da Petrobras e depois a gente privatiza.; É aconselhável esperar pelos segundos do PSL na TV.
Lucro sobretaxado
Levy Fidelix, do PRTB, também teve a candidatura à Presidência aprovada ontem em convenção do partido. Com 90 segundos na TV, segundo cálculos da sigla, Levy calcula que pode receber 2 milhões de votos. As propostas do candidato são ousadas. Nasceu no Brasil, quatro salários mínimos são depositados na conta do novo brasileiro. O dinheiro só pode ser sacado quando o jovem completar 21 anos de idade. O lucro bancário seria sobretaxado em 40% e o Bolsa Família, convertido em Salário Família, passaria a
valer R$ 535.
O número
R$ 1
Valor pelo qual cada cidadão brasileiro compraria ação da Petrobras