postado em 13/06/2010 07:47
; Denise Rothenburg; Alana Rizzo
Enviadas especiais
Salvador (BA) ; Quanto mais demora, mais embolada fica a escolha do candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra. Os integrantes do PSDB apostam na chapa puro-sangue. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves ; que posou para a foto de mãos dadas com Serra logo ao fim do discurso de ontem ; diz que um vice de Minas ajudaria no estado, mas reforça que a escolha cabe diretamente a Serra e que não vai reivindicar o posto para seu estado, embora, nos bastidores, alguns citem o nome do ex-ministro das Comunicações de Fernando Henrique, João Pimenta da Veiga. O presidente do DEM, Rodrigo Maia, avisa: ;A escolha do vice é o primeiro item da nossa convenção em 30 de junho. Não tenho dúvidas de que nosso partido irá indicar o companheiro de chapa;, afirmou ele ao Correio.
A declaração de Rodrigo Maia foi feita no fim da tarde, depois da convenção. Logo cedo, os tucanos tentaram um discurso ;preventivo; para evitar a cobrança da vaga por parte do DEM. ;Não escolhemos o vice esta semana porque senão a convenção iria virar a festa do vice. Essa escolha será feita com calma. Nossos aliados não impõem como os peemedebistas impuseram Michel Temer a Dilma Rousseff. Não temos esse problema;, dizia o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA), numa linha diferente do que indica Rodrigo Maia.
A ordem no PSDB é anunciar a composição da chapa dentro de dez dias. É nessa escolha que Serra vai se debruçar daqui por diante. Ocorre que, por enquanto, a vice é uma chuva de hipóteses. Depende de muitas variáveis de temperatura e pressão. Se não conseguir atrair o PP de Francisco Dornelles, o que é mais provável, a primeira opção é cercar o Paraná. Se o senador Osmar Dias (PDT-PR) fechar o apoio a Serra, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) passará a ser o nome mais forte por dar a Serra uma vantagem de dois milhões de votos sobre a petista no estado.
Muxoxo
Na hipótese de Osmar seguir por outro caminho, o PSDB acena com um nome do Nordeste, seja Tasso Jereissati ou o próprio presidente do partido, Sérgio Guerra (PE). A vantagem de Guerra sobre os demais reside no fato de os democratas não terem como fazer muxoxos por se tratar do comandante partidário.
[SAIBAMAIS]A avaliação geral, tanto dos tucanos quanto de alguns democratas, é a de que a única chance de o DEM ficar com a vaga é se o senador José Agripino aceitar um convite. É que Agripino é visto hoje como um dos poucos nomes que agrada a todos dentro do próprio DEM. O nome do deputado José Carlos Aleluia, embora respeitado, não consegue fechar todo o partido ao seu redor.
Em meio a essas pressões, surgiu pela primeira vez o nome de Pimenta da Veiga, que, por sinal, compareceu à convenção. Pimenta, no entanto, está fora da política e, para completar, é visto como alguém que, em 2002, não vestiu a camisa pela candidatura de Serra. Não é à toa que Aécio afirma que um nome de Minas Gerais ajudaria no estado, mas não vai fazer esforço pela vaga. Hoje, a escolha do vice está nas mãos do candidato. Ele dirá quem deseja e ponto. Até lá, fica valendo a foto de ontem, onde ele aparece ao lado do mineiro Aécio Neves, cena tratada por todos como um pedido do próprio candidato. Na falta de um vice, o ex-governador mineiro faz as honras do cargo.
; Três perguntas para Aécio Neves
A transferência de votos preocupa o senhor?
A transferência existe, mas vai até determinado momento. A qualidade do candidato ao longo da campanha é que vai fazer a diferença. O eleitor vai votar no que for melhor para ele e para a família dele, em quem inspirar maior esperança, der maior expectativa em relação a emprego, saúde e educação.
O senhor considera que esta eleição vai mesmo ficar polarizada?
O governo faz esforço para fazer uma eleição Lula x Serra. Nosso esforço tem de ser para fazer uma disputa de Serra x Dilma. Essa é a lógica e deve ser a tônica. Vai ter um momento em que ela não vai ter como fugir disso. E aí está a nossa expectativa. No confronto, ele é muito mais preparado, embora ela tenha todos os méritos.
Já que o senhor não quis ser vice de Serra, vai batalhar para um mineiro ocupar o cargo?
Não conheço nenhum vice na história do Brasil que agregou votos. E nem eu agregaria. Minha decisão é consistente, científica e partiu da análise de pesquisas. Um vice mineiro ajuda em Minas, é claro, mas jamais vou impor ou pleitear isso. O Serra está no centro das articulações. Nós o elegemos para nos conduzir nesse processo.