Politica

Unidade pregada por Temer não resiste às divergências entre PMDB e PT nos estados

postado em 13/06/2010 07:43
O partido que se diz unido e integralmente colado à candidatura da petista Dilma Rousseff ; como o deputado Michel Temer ressaltou o tempo todo na convenção de ontem ; entra na disputa eleitoral, na prática, bastante dividido. Os dissidentes do PMDB que roubaram a cena no início da convenção, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e o ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR), não são as únicas vozes contrárias à parceria eleitoral entre peemedebistas e petistas. Em alguns estados, o apoio a José Serra (PSDB) está praticamente declarado e, das 27 unidades da Federação, em apenas 10 a coligação entre PMDB e PT está selada até agora.

;Deus me deu a felicidade de estar na Presidência da Câmara e do partido num momento em que as lideranças querem a unidade como nunca existiu antes;, discursou Michel Temer. ;Se antes era o partido da guerra, hoje é o da paz.; Quando Temer exaltou a unidade da sigla, o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, já havia votado e deixado o auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Candidato à reeleição, Puccinelli é um dos peemedebistas que vai apoiar José Serra. ;Meu palanque é para o Serra. Eu avisei o Temer. Lá eu fiquei isolado;, comentava o governador com correligionários.

É a mesma situação do candidato a governador em Pernambuco pelo PMDB, Jarbas Vasconcelos, também colado em Serra. Em São Paulo, o partido ; capitaneado por Orestes Quércia, que tenta se eleger ao Senado ; deve ficar com o tucano Geraldo Alckmin e, no Rio Grande do Sul, o PMDB de José Fogaça parte para o enfrentamento com o petista Tarso Genro na disputa pelo governo estadual. Situações de divergências como essas se repetem em mais 13 estados. Em outros dois, Maranhão e Minas Gerais, a aliança entre PMDB e PT foi imposta pela direção petista, orientada pelo presidente Lula. Os petistas maranhenses terão de apoiar a candidatura à reeleição de Roseana Sarney. A decisão gerou discordâncias no PT e até uma greve de fome está em curso (leia na página 7). Os militantes mineiros abriram mão da candidatura própria para endossar os planos do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa.

;Não há problema para conseguir o apoio da militância (do PT);, disse Roseana, depois de votar pela indicação de Michel Temer para vice de Dilma. ;Estamos unidos, com acordos anunciados em dez estados;, reforçou Hélio Costa, também depois de dar o voto a Temer. Os estados onde a aliança entre PMDB e PT não deve vingar foram os que menos enviaram militantes para a convenção.

O grupo de Roberto Requião, quase um porta-voz dessa rebeldia interna do partido, não se encontrou com a tropa de choque de Michel Temer. O ex-governador do Paraná, que deve disputar uma vaga ao Senado, deixou a convenção às 11h20, logo depois de discursar. Três minutos depois, Temer e os aliados adentraram o Centro de Convenções. ;Por que o maior partido, o que tem mais história, não pode ter candidato à Presidência?;, lamentou o senador Pedro Simon.

Claque de candangos

A claque do PMDB na convenção nacional do partido foi montada pela legenda no Distrito Federal (DF). Poucos minutos após o início oficial da reunião, dois carros de som já garantiam o barulho e a movimentação fora do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Era desses carros de som que ecoava a insistente propaganda do deputado Tadeu Filippelli (PMDB-DF), indicado pelo partido para vice-governador do DF, na composição com o petista Agnelo Queiroz, candidato a governador.

A aliança no DF entre os dois partidos, rivais históricos, reproduz a chapa nacional. Por isso, os anfitriões da convenção nacional do PMDB se sentiram no direito de organizar as principais manifestações de apoio ao longo da reunião de ontem. Não faltou gente para gritar o nome de Tadeu Filippelli, o primeiro para quem Michel Temer concedeu a palavra. O pré-candidato a vice-governador disse ser o representante do DF na convenção. ;Esse é um gesto de maturidade do PMDB, que se une ao PT e demais partidos;, discursou.

O governador do DF, Rogério Rosso, se encontrou com Filippelli na convenção. Militantes do partido se encarregaram dos gritos de guerra em defesa de Temer, que por diversos momentos ofuscaram as manifestações contrárias à indicação do deputado à vice-presidência. (VS)

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