Politica

Saias justas de Marina

Evangélicos cobram conservadorismo da candidata. Universitários querem ideais libertários. Difícil, para ela, é um discurso conciliador

postado em 18/06/2010 07:00
Em evento evangélico, Marina defendeu plebiscito sobre união estável entre homossexuais: polêmicaEm ritmo de pré-campanha ao Palácio do Planalto, a senadora Marina Silva (PV-AC) foi questionada ontem se sancionaria ou não, caso eleita, uma possível lei para legalizar o aborto e se pretende ouvir propostas da comunidade evangélica e acolhê-las em seu governo. As perguntas não foram feitas pelos jovens que lotaram na tarde de ontem o auditório Dois Candangos, na UnB, mas por uma plateia evangélica que ouvia atenta a opinião da senadora sobre temas polêmicos. O encontro, num pequeno auditório da Faculdade Evangélica, na Asa Sul, reuniu cerca de 100 pessoas e não constava da agenda divulgada para a imprensa na véspera.

Discretamente, Marina vem se reunindo com grupos religiosos para defender sua política de governo em oposição à dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

As declarações recentes da senadora sobre o aborto, em defesa de um plebiscito, e sobre o casamento gay ; é contrária ao casamento, mas defende a união civil estável entre homossexuais ; deixaram reticente o próprio público evangélico, visto como cativo da senadora, integrante da Igreja Assembleia de Deus há 13 anos.

No discurso de abertura, a senadora apresentou as principais diretrizes de seu programa e recebeu o apoio da plateia. ;Ainda que (minha candidatura) pareça para alguns um passo maior que minhas pernas, os passos que dei sempre foram maiores que minhas pernas, mas nunca menores que o poder de Deus;, afirmou, seguida de um ;amém; vindo do público.

Quando o espaço para perguntas foi aberto, entretanto, o foco tornou-se a posição da senadora sobre questões polêmicas, em debate na sociedade.

A senadora foi questionada, por exemplo, se pretendia vetar projeto legalizando o aborto caso aprovado pelo Congresso. ;Se eu acredito que o plebiscito é o melhor caminho, vou trabalhar para viabilizar o plebiscito;, limitou-se a dizer. A dona de casa Valdelice Pereira Leite, 57 anos, aprovou o discurso, mas saiu do evento ainda com dúvidas. ;Eu achei positivo o que ela falou sobre o aborto, mas sobre homossexualidade ela não foi bem clara. Ela não falou se é contra, se é a favor. Eu sou contra.;

Malabarismo
A própria Marina reconheceu a dificuldade em debater os temas. ;Estou procurando um único discurso e pagando um preço às vezes alto. Pagando um preço aqui com aqueles que eu gostaria que eu fosse mais radical. Pagando um preço lá fora com aqueles que gostariam que eu fosse mais liberal. ; O coordenador da campanha de Marina, João Paulo Capobianco, disse que não há motivos para o discurso da presidenciável gerar controvérsias. ;O que houve foi uma interpretação equivocada da posição que ela sempre assumiu. Quando ela teve a oportunidade de explicar, ficou claro que ela é defensora da diversidade;, afirmou.

O evento foi organizado pelo Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (Fenasp). O vice-presidente da entidade, deputado federal Bispo Rodovalho (PP-DF), presente ao encontro, afirmou que os candidatos do PT e do PSDB também serão convidados para reuniões semelhantes.

Ouça trechos da entrevista com a candidata Marina Silva



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