postado em 18/06/2010 09:10
A pressão dos democratas para indicar o vice na chapa do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, pode esperar. Ontem, o ex-governador Aécio Neves evitou comentar a queda de braço que se trava no plano nacional entre democratas e tucanos para uma definição. De um lado, setores do PSDB pedem uma chapa puro-sangue. De outro, o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, tem anunciado em alto e bom som que a legenda espera indicar o vice. ;Serra está cuidando disso;, disse Aécio. ;Temos prazo;, afirmou em seguida, assinalando: ;As coisas estão caminhando bem. Não vou além disso, pois essa condução é feita por Serra, que está tranquilo, sereno e pronto para a largada da campanha;.No PSDB, as apostas são em torno do presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), e do senador Álvaro Dias (PR). O DEM, que ainda vai se reunir com Serra para tratar desse tema, discute os nomes do deputado José Carlos Aleluia (BA), do senador José Agripino (RN) e da vice-governadora do Pará Valéria Pires (PA), mulher do deputado Vic Pires.
Mas a briga começa a ganhar novos contornos. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que seu partido também está disposto a entrar na disputa pela indicação do vice de Serra. Em seu Twitter, Jefferson disse que não haverá nenhuma imposição do DEM para o posto. Segundo o presidente do PTB, o tesoureiro do partido, Benito Gama, seria um nome ideal para a vaga. ;Não nos imporão vice do DEM. Vamos brigar pela vice de Serra. Temos nomes: Benito Gama, da Bahia;, afirmou.
Além de tesoureiro do PTB, Gama é pré-candidato a deputado federal. Amanhã, o partido realiza, em São Paulo, sua convenção para oficializar apoio ao tucano. A definição sobre quem será o vice de Serra deve se arrastar até o dia 30, quando o DEM realiza sua convenção para formalizar a aliança com o tucano. Líderes do PSDB e do DEM intensificaram as conversas em torno da escolha nos últimos dias, mas reconhecem que a decisão será feita individualmente por Serra.
Para tentar sensibilizar os tucanos, os democratas afirmam que ajustaram questões regionais para deixar a situação ;mais confortável; para Serra e abririam mão de lançar candidatos no Espírito Santo, em Tocantins, no Rio, em Santa Catarina e em Mato Grosso.
Campanha
Em visita ao Piauí, José Serra evitou comentar temas polêmicos e preferiu falar sobre questões regionais, como a falta de investimentos federais no Nordeste, citando como exemplo a ferrovia Transnordestina, que, segundo ele, nunca deixou de ser um projeto. O presidenciável estava acompanhado do candidato a governador do Piauí pelo PSDB, Sílvio Mendes, e do senador Mão Santa (PSC).
Serra foi a Teresina para participar do 3; Encontro de Líderes do Nordeste, organizado pela Associação dos Jovens Empreendedores, onde proferiu palestra. O candidato disse que iria começar uma batalha importante pela Presidência da República e estava feliz em reencontrar os companheiros. ;O Piauí pode me considerar um amigo do estado. O Piauí tem um potencial enorme e não tem sido materializado. Não tem tido desenvolvimento. Falta investimento federal que estruture o desenvolvimento, abrindo caminho para o investimento privado, para gerar mais empregos;, comentou.
;Aqui tem um potencial agrícola imenso no cerrado e no semiárido, que tem pouca irrigação pelas condições existentes. É preciso expandir a produção de grãos;, acrescentou.
Sai primeiro apoio formal a Anastasia
Bertha Maakaroun
O PSB foi o primeiro partido a formalizar o apoio híbrido em Minas Gerais. Ontem pela manhã, os principais líderes da legenda, ao lado do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), se reuniram no Palácio das Mangabeiras com o governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB) e o ex-governador Aécio Neves (PSDB). Os socialistas mineiros reiteraram, no plano nacional, o apoio à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, e, em Minas, à reeleição do tucano Anastasia ao governo do estado e às candidaturas de Aécio e do ex-prefeito Fernando Pimentel ao Senado Federal.
Em contrapartida, os tucanos reiteraram apoio ao governo municipal de Lacerda e acenaram com o compromisso de retribuir a sustentação para a reeleição em 2012. ;No PSB de Minas, adotamos o seguinte mote: é continuidade lá e continuidade cá;, declarou Lacerda
Preocupado em sinalizar ao PSDB nacional de que os apoios não vão interferir na campanha tucana pela candidatura presidencial de José Serra no estado, o ex-governador Aécio Neves disse ontem: ;Temos um conjunto de aliados em Minas que apoiam o candidato José Serra nacionalmente. Mas há partidos que participam da base de apoio do presidente Lula e que têm compromisso nacional com a candidatura de Dilma e que aqui apoiam Anastasia. São muito bem-vindos esses apoios;. Na mesma linha, o governador tucano afirmou que não há constrangimento. ;Ao contrário, há uma composição política. Esses apoios eram aguardados há mais tempo, porque em sete anos e meio esses partidos participaram conosco.;
Ainda que tentando emplacar o ex-embaixador de Cuba Tilden Santiago (PSB) na chapa majoritária, os socialistas não condicionaram o apoio a Anastasia. O PSB mineiro sabe que dificilmente indicará o vice. O mais cotado é o presidente da Assembleia Legislativa, Alberto Pinto Coelho (PP), na hipótese de o DEM emplacar o vice na chapa nacional de José Serra. Entretanto, se os democratas ficarem de fora da composição majoritária nacional com tucanos, ficará difícil para o PSDB de Minas não indicar para vice de Anastasia o presidente do DEM estadual, deputado federal Carlos Melles. Ao mesmo tempo, a primeira vaga ao Senado Federal será disputada por Aécio e a segunda já foi destinada ao PPS, que indicou o ex-presidente da República Itamar Franco.
O PMDB tratou ontem de minimizar o apoio socialista aos tucanos no estado. O presidente regional Antônio Andrade considerou: ;Já esperávamos por isso e sabemos que o poder de convencimento do Palácio da Liberdade é maior do que o nosso;. Andrade lembrou que em 1998 o PMDB venceu as eleições para o governo de Minas, com uma chapa puro- sangue encabeçada por Itamar Franco, apesar de toda a força do governo ter trabalhado pela candidatura à reeleição do então governador, Eduardo Azeredo (PSDB). ;Nossa aliança prioritária é com o PMDB. Vamos trabalhar pela eleição de Hélio Costa. Mas não posso recusar o apoio do PSB;, afirmou Fernando Pimentel, que atribuiu o hibridismo político às ;peculiaridades da política mineira;.