Uma semana depois de oficializado candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra partipou nesta segunda-feira (21/6) de uma sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo e pelo portal Uol. Serra disse que será um "candidato do avanço", ao ser questionado se seria um representante da continuidade ou da mudança. Segundo ele, algumas questões estão sendo mal conduzidas pelo governo de Lula, como saúde, educação, infraestrutura e segurança pública, mas reconheceu que a atual administração tem mérito em outros assuntos.
Descontraído, Serra começou a sabatina com uma brincadeira sobre a indefinição da sua chapa presidencial. Questionado sobre quem será seu vice, o candidato respondeu: "Eu também tenho uma enorme curiosidade". Disse ainda que não faz questão de que seja um candidato discreto e que fale pouco, como foi Marco Maciel no governo Fernando Henrique Cardoso. ;O Fernando Henrique é que gosta de vice que fala pouco;", afirmou o tucano arracando risos da plateia. O tucano afirmou que até o final deste mês este assunto será resolvido.
Dossiê
Em relação ao suposto dossiê preparado pelo PT para espionagem do PSDB, Serra criticou a reação da candidata Dilma Rousseff. "Eu acho que diante das evidências, ela deveria ter uma postura mais dramática... pedir desculpas publicamente, etc."
Dilma Rousseff
Indagado se estaria preocupado com o crescimento do eleitorado de Dilma Rousseff, Serra disse apenas que esta será uma eleição difícil. "O que você quer que eu responda? Amanhã estará nos jornais ;Serra teme...; [crescimento de Dilma nas pesquisas...]".
Uso da máquina
Serra voltou a criticar o uso do governo para candidatura de Dilma ao ser questionado sobre o crack. "Passam 7 anos e meio e pesquisa fala do crack. Candidata volta a falar e o governo faz um programa [...]. É uma tabelinha quase que perfeita do uso da máquina;, disparou.
Ficha-limpa e propaganda antecipada
O candidato do PSDB acredita que a possibilidade da candidatura de políticos condenados pela Justiça nas eleições de outubro deve ser julgada caso a caso. "Espero que seja julgado rápido, senão vai ser a maior confusão no país". Serra também colocou nas mãos do Judiciário a questão da possível propaganda eleitoral antecipada feita por seu partido na TV. "Uma coisa é você pegar alguém que vai ser candidato e levar ao programa partidário, outra coisa e você usar a máquina do governo para fazer campanha;, disse ele.
Privatização
Serra voltou a dizer que, caso eleito, não fará privatizações, mas que essa ideia não está fechada. "Isso (privatizações) é usado mais como terrorismo eleitoral, do que como realidade. Eu acho que os estados não devem ter um banco comercial".
Impostos
A Nota Fiscal Brasileira, semelhante a Nota Fiscal Paulista, será um dos programas criados por Serra para tentar reverter o cenário dos altos impostos no Brasil.
Lula
Ao ser questionado sobre o que ele quis dizer quando comparou Lula a Luís 14 em seu discurso de oficialização de candidatura, Serra respondeu: "Eu [Lula] sou o Estado, eu sou tudo".
Copa do Mundo e Olimpíadas
;Vamos ter problemas com aeroportos;, diz Serra sobre investimentos públicos, criticando a falta de parcerias público-privadas para a construção, por exemplo, de trens de alta velocidade que liguem aeroportos e centro de cidades.
Homossexuais
Em resposta a uma internauta, Serra reassegurou sua posição a favor do casamento civil entre homossexuais. O tucano também se diz a favor da adoção por casais gays. " Com tanto problema de crianças abandonadas, havendo condições psicológicas, eu não vejo porque não aproveitar isso".
Questões polêmicas
Sobre a descriminalização do aborto, Serra disse que não alteraria a legislação atual, que só permite a interrupção da gravidez em casos de estupro e risco de saúde para a mãe. Já sobre drogas, o tucano é contra qualquer forma de descriminalização.
Ao contrário da pontual candidata do PV, Marina Silva, sabatinada no mesmo contexto na semana passada, o tucano chegou ao local com 40 minutos de atraso. Ao final da sabatina, uma jornalista perguntou ao candidato se ele teria problemas com o relógio, já que se atrasa com frequência. Serra respondeu que sim e pediu desculpas pelo atraso. "Peço perdão sem a esperança de obtê-lo, mas que haja pelo menos compreensão. Eu detesto me atrasar e também sofro com isso", justificou.
A entrevista de Serra aconteceu depois da desistência da petista Dilma Rousseff, que na semana passada disse que não participaria da sabatina. Hoje o tucano estará no programa Roda Viva, às 22 horas.