postado em 22/06/2010 08:28
São Paulo ; O candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, vai tentar bater o martelo sobre o nome do vice até o dia 30. Ontem, ele reconheceu que vem sendo pressionado, mas garantiu que não está estressado com a indefinição. Os nomes mais cotados são os senadores tucanos Sérgio Guerra, Tasso Jereissati e Álvaro Dias. O DEM tem esperança de emplacar na chapa o deputado baiano José Carlos Aleluia. A possível escolha de um candidato do Nordeste seria uma estratégia para arregimentar votos na região em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem seu maior reduto eleitoral.Para conquistar o voto feminino, principal alvo da sua concorrente Dilma Rousseff (PT), o tucano cogita ainda ter uma mulher na vice-presidência. As indicadas são a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e Valéria Pires Franco (DEM-PA). ;Também tenho uma enorme curiosidade para saber quem vai ser o meu vice;, disse Serra, durante sabatina realizada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo.
Serra chegou a brincar quando falou da escolha do vice, dizendo que não faz questão de que seja um candidato discreto e que fale pouco, como foi Marco Maciel no governo Fernando Henrique Cardoso. ;Qualquer indicação acaba em confusão. Por isso, prefiro esperar até o fim do mês. O meu vice pode falar muito, não tem problema. O Fernando Henrique que gosta de vice que fala pouco;, ressaltou.
Em entrevista ao programa Roda Viva, Serra negou que a demora na escolha do vice tenha gerado reclamações de aliados. Na época da pré-campanha, ele era alvo de críticas dentro do próprio PSDB porque não estava nas ruas dando visibilidade à sua candidatura e porque demorou a deixar o governo de São Paulo.
O candidato assegurou que não vai acabar com o principal programa social do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Bolsa Família, como vêm dizendo seus adversários políticos. ;O programa é manipulado politicamente, mas não vou acabar com ele. Vou aprimorá-lo;, assegurou. Ao ouvir críticas ao Bolsa Família feitas por tucanos, Serra lembrou que Lula chamava o programa social de ;Bolsa Esmola; na época de Fernando Henrique Cardoso.
Gays
O tucano estava com aspecto de cansado durante as duas horas de entrevista e tinha a aparência de quem não havia dormido durante a noite. Ele respondeu a questões polêmicas. Afirmou ser a favor da união civil de pessoas do mesmo sexo e da adoção de crianças por casais gays. ;Tem tanto problema grave de crianças abandonadas no Brasil. Isso vale para qualquer tipo de casal, qualquer tipo de pessoa. Não vejo por que não aprovar isso;, ressaltou.
Segundo Serra(1), o governo federal errou ao tratar da divisão dos royalties de petróleo em ano eleitoral. ;Em minha opinião, a questão dos royalties nunca poderia ter sido levantada em ano eleitoral. Acabou criando a sensação de que o pré-sal está ali na esquina.; Serra disse também discordar do modelo de partilha dos royalties, já aprovado pelo Congresso, porque tira recursos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. ;Você não pode chegar para a cidade de Campos e dizer que a partir de amanhã isso acabou. Vai criar um colapso;, disse.
Sobre as eleições, Serra voltou a dizer que enfrentará uma corrida difícil e vai apostar todas as fichas na sua biografia política. Ele chegou a pedir aos eleitores que escolham o próximo presidente a partir da história dos candidatos, referindo-se veladamente à vida pública de Dilma, que é considerada curta para quem almeja ser presidente do Brasil.
1 - Alfinetada em Lula
No início da noite, em Uberaba (MG), diante de plateia formada por produtores rurais e lideranças políticas da região do Triângulo Mineiro, José Serra criticou a aplicação de dinheiro público em instituições e organizações não governamentais (ONGs) ligadas ao MST. Serra foi a principal atração em evento fechado, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu. ;Sem produzir o país não vai para frente. O problema maior da reforma agrária é fazer com que os acampamentos produzam para diminuir as desigualdades sociais, mas não pode haver dinheiro público em movimentos sociais`.
Dilma e o ritual dos palanques duplos
Ivan Iunes
A candidata à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) deu a tônica, ontem, do que deve ser a postura de campanha nos estados com o palanque governista dividido entre petistas e o PMDB. A presidenciável teve de se equilibrar para evitar saias justas na convenção peemedebista na Bahia que lançou o deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) ao governo. Para evitar desconforto entre os dois partidos aliados, Dilma voltará ao estado no sábado para a convenção que lançará o governador Jaques Wagner (PT) à reeleição. A presidenciável desviou de responder a perguntas sobre o embate entre Geddel e o atual governador. ;A gente sempre preferiu um palanque só. Não foi isso que aconteceu, então eu vou agora lidar com esse fato;, resumiu a candidata.
Em acordo prévio firmado entre Geddel e Wagner, os dois candidatos prometeram à coordenação da campanha de Dilma que evitariam cruzar ataques durante as convenções, para preservar a presidenciável. No encontro de ontem, o deputado e integrantes de 11 partidos da coligação não citaram o atual governo baiano. ;Não ficarei olhando se saiu de sua boca uma palavra de mais ou menos carinho. Faça o que a sua consciência indica;, afirmou Geddel, em relação à disputa pelo apoio da candidata. Em retribuição, Dilma afirmou que estará em todos os palanques de apoiadores. Prefeitos e políticos que discursaram no evento antes da chegada da ex-ministra da Casa Civil, contudo, atacaram Wagner.
Inexperiência
Aos militantes, Dilma Rousseff minimizou os ataques do candidato tucano, José Serra, que a acusou de não ter experiência administrativa suficiente para disputar o cargo. A petista apontou que os adversários estariam confundindo experiência administrativa com eleitoral, ao atacá-la. ;Até lamento não ter experiência eleitoral, mas depois de estar à frente de todos os principais projetos do governo Lula, posso dizer que governar eu sei;, afirmou Dilma. Hoje, a agenda da candidata segue no Nordeste, em Caruaru (PE). Ela vai dar entrevistas, almoçar com o governador, Eduardo Campos (PSB), e, segundo previsões dos assessores, participar do são-joão no município. Amanhã, vai a João Pessoa e deve visitar outra festa regional, em Campina Grande (PB).
Guinada à direita
Se Dilma preferiu o tom mais comedido ontem em relação aos ataques de Serra ao PT e à candidata, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, partiu para a linha de frente contra o candidato tucano à Presidência. Vaccarezza sustentou que o principal rival de Dilma na corrida pelo Palácio do Planalto deixou de lado ;a pele de cordeiro;, tirou o disfarce e passou a apresentar ideias do que chamou de velha direita.
;Não sei se você lembra quando a Dilma disse que ele estava vestindo uma pele de cordeiro, mas de vez em quando as patinhas apareciam. Não deu certo. Então, ele tirou a pele de cordeiro e agora é a velha aliança à direta, que governou um país no período do PSDB com o antigo PFL (atual DEM);, afirmou.
Para Vaccarezza, a petista está tendo de lidar com um concorrente que não tem proposta e que tenta desviar a atenção do debate de planos. ;O Serra deu uma guinada à direita em todas as questões: ataque à Bolívia, ataque ao Mercosul, ataque à independência do Brasil em relação aos EUA. A próxima vai ser a aceitação de um nome do DEM para vice.;