Politica

PT e PSDB correm para concluir os comitês centrais de campanha da corrida presidencial

Serra escolheu endereço "mal-assombrado" em São Paulo. Dilma ocupará prédio no Setor Comercial Sul

Ivan Iunes
postado em 23/06/2010 08:23
A 12 dias do início oficial da corrida pelo Palácio do Planalto, os dois principais candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), finalizam os ajustes naquele que é considerado o sistema nervoso de toda campanha eleitoral: o comitê central. Dilma em Brasília e Serra em São Paulo, os dois líderes da corrida presidencial escolheram imóveis em posições centrais, nas duas cidades, e devem ter gastos mensais próximos dos R$ 40 mil, somente no aluguel das estruturas. Enquanto o ninho tucano já está praticamente pronto para receber a campanha, o quartel-general petista tem inauguração prevista para 13 de julho, uma semana depois do início da campanha oficial.

Para abrigar a base do candidato a presidente, o PSDB gastou quase R$ 100 mil na reforma de cinco andares do edifício Joelma, no centro de São Paulo. Cada andar é alugado por R$ 9 mil. As salas maiores têm 650m; e as menores, 350m;. Praticamente pronta, a estrutura já abriga 22 pessoas que dão expediente no comitê, incluindo secretárias, assessores, técnicos e copeiros. No total, a campanha de Serra gastará R$ 45 mil mensais em aluguéis. Os valores praticados estão abaixo do preço de mercado por conta de superstições em torno do prédio, que seria mal-assombrado (veja abaixo).

Alheio a isso, Serra acredita que o lugar sempre lhe deu sorte. A primeira vez que o candidato deu expediente no Joelma ocorreu em 2004, quando foi eleito prefeito de São Paulo e montou o escritório de transição no edifício. Na época, recebia o cargo de Marta Suplicy (PT). Depois, voltou a frequentar o prédio. Ali montou a base de campanha em 2006 para o governo de São Paulo. Gilberto Kassab (DEM) fez o mesmo na campanha para prefeito, em 2008. Em todas as campanhas, tucano e aliados venceram.

O valor pago pelos andares do Joelma é bem próximo do que os petistas devem gastar por três pavimentos do edifício Vitória, no Setor Comercial Sul, em Brasília. A escolha do imóvel se deu em função da proximidade com a sede nacional do partido, que fica na mesma quadra do comitê. Pelo espaço de 1.400m;, o PT pagará valores próximos a R$ 40 mil, segundo estimativas de profissionais do ramo imobiliário. A estrutura tem uma loja térrea, mezanino e um andar inteiro, que antes abrigavam uma faculdade de administração e design. Os petistas correm para finalizar a reforma no imóvel ; os custos foram trancados no cofre pela tesouraria da legenda. ;O comitê será custeado pela coordenação de campanha. Em um primeiro momento, foi o PT quem arcou com os custos. Mas isso vai ser repassado para o caixa de campanha futuramente;, explica o presidente do partido, José Eduardo Dutra.

Ritmo
No momento, o partido está terminando a pintura do edifício. A reforma terá de correr em ritmo acelerado para que a inauguração seja na data prevista, em 13 de julho. Com a abertura do comitê, a estrutura receberá parte da equipe de comunicação de Dilma, além dos serviços de logística e de mobilização. O local também se encarregará da distribuição de materiais de campanha. O partido manterá o escritório político da candidata, na QL 24 do Lago Sul, para encontros reservados e assessores mais próximos.

No ninho tucano, além do comitê de campanha de Serra, o Joelma abriga ainda instituições partidárias e campanhas de outros políticos do partido. O edifício é o endereço do comitê do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de mais dois candidatos ao Senado pelo estado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e Orestes Quércia (PMDB). Os comitês estão sendo instalados entre o 19; e o 23; andar. O partido ainda mantém no local a Fundação Mário Covas.

Por dentro dos comitês

José Serra (PSDB)
Local: Edifício Joelma, em São Paulo
Área: cinco andares, 3.250 m;
Aluguel: R$ 45 mil mensais (estimativa)
Estrutura: 22 pessoas, incluindo secretárias, assessores, técnicos e copeiro

Dilma Rousseff (PT)
Local: Edifício Vitória, em Brasília
Área: três andares, total de 1.400m;
Aluguel: R$ 40 mil mensais (estimativa)
Estrutura: concentrará profissionais da comunicação, mobilização e logística


Numerologia e benzedeira

A superstição em torno do edifício Joelma não impressiona José Serra, mas a equipe que trabalha na campanha do tucano tem adotado cuidados extras. Reza a lenda que os 25 andares do prédio, de 700m; cada, são mal-assombrados, desde que ele pegou fogo, matando 189 pessoas e ferindo outras 350, em 1974. A tarefa de assombrar o local, segundo dizem, está a cargo de 13 almas de pessoas que morreram no incêndio e foram enterradas sem que nenhum parente procurasse pelo cadáver carbonizado. Serra dá de ombros em relação à lenda, mas a equipe tucana tomou precauções contra as forças do além.

No ano passado, a direção do PSDB municipal, que tem a sede montada no Joelma, pediu à prefeitura para trocar o número do edifício na rua. Antes, era 184. Hoje, 182. A justificativa é de que a soma de 1, 8 e 4 dá 13, número utilizado pelos petistas durante as campanhas, mas considerado fatídico pelos tucanos. A coincidência em torno do numeral e a fama de mal-assombrado do prédio fizeram com que as secretárias do PSDB se encarregassem de chamar uma benzedeira para ;purificar; o comitê de Serra antes da inauguração oficial. ;O número 13 aqui nos persegue. Em todas as correspondências temos que escrever o CEP do endereço, que é 01313-000;, diz uma secretária do partido que pediu para não ser identificada.

Apesar do preço baixo, metade do edifício está ocioso e a maioria dos escritórios que funcionam lá não faz atendimento público. ;As pessoas têm medo até de passar na porta;, diz o advogado Cláudio Mousinho. Todas as vezes que precisa encontrar um cliente, ele tem que marcar num restaurante próximo. ;Quando a gente fala o endereço, as pessoas ficam com medo de subir;, ressalta.

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