O Partido Verde (PV) confirmou nesta quinta-feira (24) a candidatura do deputado federal José Fernando Aparecido ao governo de Minas Gerais. O vice que compõe a chapa ao Palácio da Liberdade será o vereador Leonardo Mattos (PV). A convenção estadual contou com a candidata à presidência da República, a senadora Marina Silva, que cumpriu uma agenda cheia de compromissos em BH. Acompanhada de seu vice, o empresário Guilherme Leal, ela fez campanha nas ruas do centro da capital e fez a tradicional foto no Café Nice, parada obrigatória das campanhas em BH.
A senadora foi comedida ao fazer comentários sobre oponentes e discursou no sentido de apoiar o partido e reforçar a própria campanha. "Vou conversar muito com os mineiros para pedir que eles me ajudem a dar essa força para o Zé (José Fernando). Vou pedir para esse povo sábio que ajude também a eleger a primeira mulher presidente da República identificada com o povo brasileiro", afirma.
Marina disse ainda que a candidatura do PV é um avanço nesta eleição, já que foi capaz de revogar a estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estabelecer uma disputa plebiscitária entre petistas e tucanos. "Já furamos o plebiscito", afirmou. Seu comentário foi feito um dia depois de divulgada a pesquisa CNI/Ibope, na qual aparece com 9% das intenções de voto. Na pesquisa, pela primeira vez, Dilma Rousseff (PT) está à frente de José Serra (PSDB) - 40% contra 35% do tucano.
"Não tenho dúvidas de que a sociedade brasileira, até mesmo com essas pesquisas, já sinalizou que está revogando o plebiscito." Segundo ela, a sociedade "não comprou a tese de uma eleição polarizada" entre "oposição e uma tentativa de continuidade sem crítica do processo atual, do governo atual."
Durante sua passagem por BH, a candidata criticou ainda o processo eleitoral brasileiro, dizendo que as discussões não estão privilegiando o debate de questões que ela considera importantes para a população, como saúde, desenvolvimento sustentável e o código florestal. Para ela, a atenção não deve ser desviada.
Corrida eleitoral
Lembrando que começou a corrida eleitoral com 3%, a presidenciável também foi irônica ao comentar os constantes questionamentos de que sua candidatura estaria estacionada. "Tomara que eu estacione em 51%, que é para ganhar já no primeiro turno", disse. "As pessoas não querem ver que nós estamos progressivamente avançando nesse processo." Apesar do discurso otimista, Marina admitiu que está em desvantagem, ao afirmar que Serra é candidato desde que perdeu a eleição presidencial de 2002 e Dilma tem o presidente Lula no "papel de seu general eleitoral já há quase três anos".
Em relação à pesquisa CNI/Ibope, Marina ainda citou como positivo o aumento do porcentual de eleitores propensos a votar no PV, de 27% para 36%. Segundo ela, o voto será definido a partir de três aspectos: trajetória dos candidatos, compromisso de cada um em integrar e manter os avanços e ao mesmo tempo corrigir os erros e apontar para os novos desafios.
Dissidentes
O vice-presidente do PV, Alfredo Sirkis, prometeu enquadrar os dissidentes mineiros, já que maior parte da bancada estadual e boa parte da federal não aderiu à campanha de José Fernando e promete apoio ao pré-candidato tucano, o governador Antonio Anastasia. "Não há hipótese de deixar de haver sanção para quem não respeite as decisões tomadas pela convenção nacional e pela convenção em Minas Gerais", disse.
Marina, por sua vez, desdenhou das defecções. "Minha candidatura está forte porque ela é muito maior do que o Partido Verde." Ela anunciou que a ex-deputada federal e ex-presidente do PT-MG, Sandra Starling - que deixou o partido recentemente, insatisfeita com a condução do processo que levou à escolha de Hélio Costa (PMDB) como candidato da base aliada -, terá um "papel fundamental" em sua campanha, coordenando seu comitê suprapartidário em Minas.