Politica

PRB em vez de Mercadante

Dilma preferiu acompanhar a convenção do partido aliado a participar do lançamento da candidatura do petista ao governo de São Paulo

postado em 27/06/2010 08:33
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) trocou a militância petista de São Paulo pelas lideranças do PRB, partido que reúne grande número de pastores evangélicos. Em vez de prestigiar a convenção do PT, que oficializou a candidatura de Aloizio Mercadante para o governo de São Paulo, ontem, Dilma passou grande parte da manhã e da tarde no evento do PRB, que se limita a dois nomes de peso nacional: o vice-presidente José Alencar e o senador Marcelo Crivella (RJ). Apesar de o número de filiados do PT do estado de São Paulo (351.479) ultrapassar o total de partidários do PRB no país (220 mil), Dilma decidiu não prestigiar o colega de sigla e se esforçou para afagar o PRB, arrastando para o encontro o primeiro time de aliados. Entre os presentes na mesa da convenção do PRB estavam os ex-ministros Hélio Costa, Patrus Ananias e o candidato do PT ao Senado por Minas Gerais, Fernando Pimentel. O ministro de Assuntos Estratégicos Samuel Pinheiro também marcou presença na convenção.

O auditório do Hotel Nacional, em Brasília, onde ocorreu a convenção, só preencheu os cerca de 900 lugares disponíveis graças à claque contratada, vestida com camisetas verde-amarelas, que aplaudiam ao comando de cabos eleitorais do PRB. Em São Paulo, 8 mil militantes petistas fizeram festa para Mercadante sem a presença de Dilma e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o vice-presidente Alencar resumiu, em seu discurso, a importância do PRB, ao destacar a relação umbilical com os evangélicos. ;Nosso partido tem uma parcela muito grande de companheiros oriundos da Igreja Universal. Alguns falam que esse partido é da igreja, mas isso não é pejorativo. É por ter recebido grande apoio de pastores da Universal que ele ganhou dimensão nacional;. A Igreja Universal reúne cerca de 13 milhões de fiéis no país.

Claque entusiasmada
Enquanto Dilma ganhava palmas entusiasmadas da claque contratada em Brasília, o candidato petista ao governo de São Paulo tentava mover a militância petista, ainda apática com a campanha no estado. Mercadante nunca foi o preferido de Lula na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Desde o início, o presidente defendeu uma chapa encabeçada por Ciro Gomes (PPS), que desistiu da disputa mesmo depois de ter transferido o domicílio eleitoral para São Paulo, a pedido de Lula.

Nas pesquisas de intenção de voto, ele não decola. Até hoje não chegou à casa dos 20%, apesar de reunir 11 partidos em sua coligação, enquanto o concorrente tucano, Geraldo Alckmin, oscila sempre próximo dos 50%. O discurso feito ontem não foi inflamado, como a militância esperava. ;O que deu certo com Lula lá, vai dar certo comigo aqui em São Paulo;, repetiu. Quando o vice de Mercadante, Coca Ferraz (PDT), foi chamado para subir ao palco, houve um silêncio constrangedor na plateia. Ex-tucano, ele já fez inúmeras críticas a Mercadante em eleições passadas. ;O fato de Coca Ferraz ter sido do PSDB vai ajudar a minha campanha;, disse o candidato petista.

Eliminar a pobreza do país tem que ser a nossa meta, talvez a gente não faça em quatro anos
Dilma Rousseff, candidata do PT ao Planalto


Pena do adversário
O sucesso nas pesquisas eleitorais e as revezes do adversário na escolha do vice já pontuam no discurso da presidenciável Dilma Rousseff (PT) um tom de ;já ganhou;. Com discurso voltado prioritariamente para o público feminino, Dilma disse que será o espelho para as mulheres se ganhar a eleição. ;A partir da minha eleição, a consciência da responsabilidade de que qualquer menininha poderá falar: eu quero ser presidente da República.; Durante a convenção do PRB, a candidata prometeu construir mais 100 escolas técnicas no país, em municípios com mais de 150 mil habitantes, e afirmou que ;talvez; precise de ;mais de quatro anos; para acabar com a pobreza. ;Eliminar a pobreza do país tem que ser a nossa meta, talvez a gente não faça em quatro anos.;

A candidata começa a usar a estratégia de marcar o PSDB e seu adversário José Serra como representantes da elite brasileira. ;Nós somos diferentes, sim. Temos uma visão de mundo diferente. Nós estamos muito mais preparados para continuar fazendo. Parar é um pouco como voltar para trás.;

Os desdobramentos da escolha do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) como vice de José Serra não foram esquecidos. O vice-presidente José Alencar afirmou que ;fica com pena; dos adversários, declaração repetida por Hélio Costa. ;É o que disse o José de Alencar, nós estamos começando a ficar com pena do nosso adversário.; (JJ)

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