postado em 28/06/2010 10:52
Terminou em impasse e pode parar na Justiça a convenção estadual do PR em Minas. Depois de reviravoltas ao longo do dia, uma parte da legenda saiu da votação afirmando que a decisão de apoio nas eleições majoritárias e proporcionais caberá agora à direção nacional do partido. Porém, outro grupo fez no início da noite uma segunda rodada de votação, registrou boletim de ocorrência na polícia para anular a primeira e decidiu por apoiar o PSDB nos planos estadual e nacional, rejeitando assim a proposta de aliança com o PMDB.O ex-vice-governador e presidente do PR em Minas, Clésio Andrade, deixou a convenção dizendo que a decisão de apoio caberá à direção nacional da legenda. Ele sustenta que a convenção estadual da legenda foi anulada por suspeita de erro ou até mesmo de fraude. De acordo com Clésio, na primeira votação foram somados 26 votos em um colégio de 15 votantes, que totalizariam 22 votos, conforme prevê o estatuto do partido. Com a confusão, uma ata relatando o ocorrido será encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas e à direção nacional, que terá a responsabilidade de definir com quem o partido vai marchar na disputa pelo governo estadual. ;De agora em diante caberá à direção nacional decidir se a coligação será com Hélio Costa do PMDB ou com Antonio Anastasia do PSDB. Qualquer outra coisa que aparecer diferente disso será uma irresponsabilidade;, declarou Clésio.
O deputado federal José Santana de Vasconcellos, vice-presidente do PR em Minas, porém, diz que presidiu a segunda votação e que o resultado (13 votos favoráveis em 22) confirmou o apoio da legenda ao PSDB. Segundo ele, foi feita uma ocorrência policial para anular a votação inicial e que todos os presentes teriam concordado com a decisão. ;Foi feito tudo dentro da legalidade;, afirmou Santana. Pouco depois das 20h, o deputado federal Lincoln Portela reforçou essa posição e escreveu em seu perfil no Twitter: ;PR aprova por unanimidade dos votantes o apoio ao PSDB na majoritária e proporcional e também por unanimidade rejeita proposta de apoio ao PMDB.;
A data limite para bater o martelo sobre a questão é quarta-feira, mas Clésio acredita que nos primeiros dias desta semana o imbróglio será resolvido. Em clima tenso, a convenção do PR ocorreu na sede do partido na Rua Paracatu, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro Sul de BH. ;Não sei o que ocorreu. Se houve fraude ou erro;, afirmou o dirigente.
Durante à tarde especulou-se que a proposta de coligação com a chapa encabeçada pelo senador Hélio Costa para a disputa pelo governo de Minas Gerais seria derrotada por 13 votos a nove. Clésio defende a coligação com Costa. Até quarta-feira, o diretório nacional deve se reunir com representantes de Minas para definir qual será a atuação na campanha para o governo do estado.
A cédula de votação apresentada ontem na convenção incluía ainda a disputa com chapa própria para deputado estadual, apoio à presidenciável Dilma Rousseff (PT) e delegação à direção estadual de poderes para substituir candidatos, completar chapas, deliberar sobre coligações e outras matérias relativas às eleições. Durante toda a tarde foram várias as reuniões entre os 15 integrantes da Executiva ; grupo que tinha o direito a voto ; na tentativa de um acordo. Pelo regimento interno do PR, não havia tempo hábil para a apresentação de nova proposta, no caso, de apoio à reeleição do governador Antonio Augusto Anastasia (PSDB).
Idas e vindas
As conversas políticas no PR ficaram marcadas pelo racha interno. A legenda chegou a divulgar nota oficial liberando seus filiados para apoiar quem desejassem na briga pelo Palácio da Liberdade. Na ocasião, um grupo de deputados federais chegou a se reunir com o governador Anastasia no Palácio das Mangabeiras para anunciar seu apoio. Duas semanas depois, nova nota foi divulgada, desta vez com o anúncio de que a Executiva levaria para a convenção a proposta de união a Hélio Costa. No dia seguinte, um grupo de 58 prefeitos, dos 73 do partido, declararam apoio ao tucano durante encontro com Anastasia.
O que atrai ainda mais os deputados para a coligação com o PSDB é a matemática. Eles temem perder cadeiras na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados caso se unam ao PMDB e PCdoB. A conta é de um coeficiente eleitoral estimado em 105 mil votos, com um total de 13 eleitos na chapa. Pelos cálculos dos parlamentares, eles perderiam três vagas ; hoje são sete parlamentares. No chapão com o PSDB, DEM, PP, e PRB, a linha de votação estimada é de 90 mil, com a garantia de 22 cadeiras. Para os sete parlamentares do PR, estaria garantida a reeleição.