Daniela Almeida
postado em 29/06/2010 08:41
A senadora Marina Silva inaugurou ontem uma nova fase na campanha à Presidência da República. Em palestra para estudantes na Universidade Católica de Santos (UniSantos), Marina tinha como tema Meio Ambiente e Educação. Mas, em seu discurso, a senadora adotou o caminho dos afagos ao governo do presidente Lula e tentou descolar sua imagem da ex-ministra chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Cerca de 200 pessoas acompanharam as palavras da candidata.A mudança, aparentemente de ordem estratégica, teria sido resultado de uma reunião no fim de semana. Partidários envolvidos na campanha teriam identificado que a estagnação de Marina abaixo dos 10% nas pesquisas que medem os índices de intenção de voto estaria relacionada à identificação do eleitorado da candidata como oposição ao presidente Lula, dono de um índice de aprovação recorde entre a população.
;Lula provou que é possível crescer e distribuir o bolo ao mesmo tempo. Ele fez muito, mas é preciso fazer mais;, disse. Ao fim da palestra, a senadora fez referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a principal bandeira de Dilma. ;Se existe um programa que precisamos acelerar é o da educação;, defendeu, acompanhada do candidato do PV ao governo de São Paulo, Fabio Feldman.
Em coletiva à imprensa, já na Associação Comercial de Santos, a senadora negou que haja uma mudança de rota em sua campanha e afirmou que seu discurso é o mesmo de quando deixou o governo e se filiou ao Partido Verde. Segundo Marina, sua candidatura é na verdade uma alternativa ao embate entre tucanos e petistas. ;Estamos à frente, não somos opositores.;
Questionada sobre a possibilidade de angariar votos do ex-governador e candidato do PSDB, José Serra, Marina respondeu que espera conquistar os eleitores que já votaram nos dois partidos e desejam um governo suprapartidário.
Marina estava acompanhada da filha, que passa férias na cidade, e dos sogros, que moram em Santos. Segundo assessores, a senadora assistiu ao jogo com os familiares, após seus compromissos políticos. Em sua visita, Marina lembrou ainda que chegou a morar na região por um ano e oito meses, quando passou por tratamento médico.
SEM PERGUNTAS, NADA DE CNA
No fim da tarde, Marina ameaçou não ir a uma sabatina com presidenciáveis promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), prevista para quinta. Alegando desconfiar das regras, a senadora exigiu que as perguntas fossem previamente submetidas a ela para evitar ;pegadinhas;. A CNA é presidida pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), líder da bancada ruralista e aliada de Serra. ;Se não mudarem as regras, não iremos. Sabemos que há certa proximidade da CNA com o PSDB. Por isso, pode pairar dúvida;, afirmou. Dilma Rousseff, candidata do PT, já avisou que não estará no evento.
;Não sou um poste;
Roberto Stuckert Filho/Flick
Antes da entrevista ao Roda Viva, Dilma assistiu ao jogo com Palocci
O principal compromisso de campanha de Dilma Rousseff, do PT, ontem, foi a participação no programa Roda Viva, da TV Cultura. No início da entrevista, a ex-ministra da Casa Civil negou que não tenha experiência suficiente para disputar as eleições para o Palácio do Planalto e refutou as comparações com o ex-governador de São Paulo, seu adversário José Serra (PSDB). ;Acho que não pareço ser um poste, não é? Acho que fazem uma confusão deliberada entre experiência eleitoral e experiência administrativa;, comentou. ;Eu conheço o governo e o Brasil porque não gerimos somente de Brasília. Experiência administrativa tenho bastante. Presidi o conselho da Petrobras nos últimos sete anos e meio. Conheço os problemas dos municípios. Mas concordo que eu não tenho experiência eleitoral;.
Sobre as comparações com o presidenciável tucano, José Serra, Dilma disse que o período eleitoral servia para deixar à mostra as distinções entre propostas. ;Em eleição a gente deixa claras as nossas diferenças, mas é preciso governar para todos os brasileiros. Eu acho que é possível governar com todos os partidos, até porque é essa a realidade quando se pensa nos estados e municípios. Temos diferenças, não somos todos iguais. Reconheço o esforço para sairmos do processo inflacionário (feito durante o governo FHC), mas fomos bem adiante;, ressaltou.
Antes de se dirigir à emissora, Dilma assistiu ao jogo da Seleção Brasileira ao lado do ex-ministro Antonio Palocci.