Politica

Nanicos abandonam o barco

Entendimento do TSE faz com que nomes com chances praticamente nulas deixem a corrida presidencial em prol das alianças regionais

postado em 02/07/2010 08:34
A interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que instituiu uma espécie de verticalização no horário eleitoral provocou um cisma nas composições de partidos nanicos pelo país. Desde a decisão dos ministros, três candidatos de legendas pequenas desistiram da corrida presidencial e pelo menos um avalia abandonar a disputa. A estratégia inicial dos ditos partidos pequenos desceu a ladeira com a decisão da corte. Grande parte das pequenas legendas almejava lançar candidato próprio para aumentar a visibilidade nacional. Em contrapartida, fechariam coligações regionais para ter chances mínimas de eleger deputados estaduais ou federais.

Com a verticalização promovida pelos ministros, os nanicos se viram obrigados a avaliar se vale a pena manter uma campanha presidencial, em detrimento da eleição de parlamentares. Durante as eleições de 2006, em que houve verticalização prevista por lei, a maioria não lançou candidato próprio e manteve a neutralidade na disputa nacional. Agora, Américo de Souza (PSL) decidiu repetir a estratégia e largou a corrida presidencial sem anunciar apoio a outra coligação. Por composições regionais, Ciro Moura (PTC) saiu da briga porque o partido preferiu declarar apoio a Dilma Rousseff (PT). Em via oposta, Mário de Oliveira (PTdoB) saiu da disputa para reforçar o palanque de José Serra (PSDB).

A maioria dos nanicos que não reviram a posição se enquadra no bloco dos ideológicos, como PSol, PSTU, PCO e PCB. Outros dois nomes que mantiveram, inicialmente, a candidatura, criticaram a decisão do TSE. ;Estou pouco me lixando para os tribunais eleitorais. A jurisprudência muda a toda hora na cabeça do ministro do TSE e isso desestabiliza o processo eleitoral. Sou mais do que nunca candidato a presidente;, disse Levy Fidelix (PRTB), conhecido por propor a construção de um aerotrem em cada grande cidade brasileira. A posição da legenda será a de abandonar as coligações regionais para lançar candidato próprio aos governos estaduais.

Blefe

Outro nanico a insistir na candidatura própria, José Maria Eymael (PSDC) indica que o partido decidiu manter as composições atuais, apostando em uma reviravolta na interpretação do TSE. ;A regra vai ser derrubada porque afronta o ato jurídico perfeito. A resolução se deu depois de realizadas as convenções. Os encontros partidários aconteceram com uma regra e agora eles querem mudar, mas não temos tempo para novas convenções. Isso é inconstitucional;, criticou Eymael.

Único candidato a admitir indecisão quanto à manutenção da campanha, Oscar Silva (PHS) aguarda posição do partido, que deve se reunir amanhã para discutir a questão. Na opinião da legenda, a interpretação do TSE para a verticalização no horário eleitoral favorece a tese de eleição plebiscitária, entre tucanos e petistas. ;A decisão do TSE prejudica a democracia porque força uma eleição plebiscitária, como querem os poderosos. O TSE está equivocado porque o Acre não é o Rio Grande do Sul e o Amazonas não tem nada a ver com o Pará;, defendeu o presidente do PHS, Paulo Matos.

Marina oficializa a candidatura

Ainda que se mostre preocupada com a verticalização sugerida pelo Tribunal Superior Eleitoral, a senadora Marina Silva (AC) registrou ontem a candidatura à Presidência. A chapa do PV, integrada também pelo empresário Guilherme Leal, candidato a vice, foi a primeira a ser inscrita na Justiça Eleitoral. Os demais candidatos à Presidência têm até 5 de julho para fazer o mesmo no TSE. A convenção do PV que oficializou a escolha de Marina Silva e de Guilherme Leal ocorreu em 10 de junho, em Brasília.

Efeito adverso

Decisão de ;verticalizar; as alianças já tirou alguns concorrentes coadjuvantes da corrida presidencial

Retiraram a candidatura
Américo de Souza (PSL) Ciro Moura (PTC) ; O partido apoiará Dilma Rousseff Mario de Oliveira (PTdoB)

Continuam na disputa
Ivan Pinheiro (PCB) José Maria Eymael (PSDC) Levy Fidelix (PRTB)
Plínio de Arruda Sampaio (PSol) Rui Costa Pimenta (PCO) Zé Maria (PSTU)

Indeciso
Oscar Silva (PHS) ; Discutirá se mantém ou não a candidatura amanhã

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