Perguntada sobre como e em quanto tempo levaria para concretizar propostas como a desoneração dos investimentos e a simplificação do sistema tributário, Dilma evitou fixar prazos e lembrou que o assunto precisará ser negociado tanto com os partidos da base aliada quanto com os da oposição. Ela ainda destacou a necessidade de se encontrar fórmulas para desonerar a folha de pagamentos das empresas sem mexer em direitos sociais e compensações para as eventuais perdas de arrecadação no primeiro momento.
"Qualquer reforma vai implicar diálogo e debates. Lógico que quanto mais rápido [for à votação no Congresso] melhor, até para aproveitarmos a legitimidade conferida por uma vitória eleitoral. Agora, se eu der prazos não estarei sendo correta, pois isso dependerá da futura composição do Congresso e de variáveis sobre as quais não temos controle".
Após afirmar que o Brasil sofreu "um apagão de investimentos" em obras de melhorias da infraestrutura nos 20 anos que antecederam o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma disse que a situação melhorou "mais de 100%" nos últimos oito anos. Ainda assim, reconheceu a necessidade de melhorar a gestão e aprimorar os investimentos públicos, sobretudo no setor aeroportuário.
Dilma também citou a necessidade de se reduzir o grau de endividamento público, a fim de permitir ao país fixar taxas de juros próximas às internacionais. "O objetivo é sempre melhorar, porque se alguém achar que está tudo feito não consegue ir adiante".
O almoço foi organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais, que conta com 652 empresas associadas que, juntas, representam 44% do Produto Interno Bruto (PIB) privado do país e que faturam, cada uma, um mínimo de R$ 200 milhões ao ano. O grupo é presidido pelo empresário João Dória Júnior, um dos organizadores do Movimento Cansei, criado em 2007 e que criticou o caos aéreo e a corrupção.
Entre as perguntas feitas por participantes, uma dizia respeito à relação do governo federal com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), historicamente ligado ao PT. "Acho que é preciso fazer uma distinção: movimento é movimento, governo é governo. Eu não sou do MST, mas acho que não podemos compactuar com ilegalidade. Invadiu edifício público e propriedade que não pode invadir, tem que haver clareza e eu acho que o governo Lula não deixou a coisa solta. Mas também não vamos reprimir o movimento quando ele estiver somente reivindicando", disse Dilma, defendendo que o governo Lula teria instituído a "paz no campo" por meio de políticas sociais que deram uma melhor condição de vida ao trabalhador rural, esvaziando parte das reivindicações do movimento.