Daniela Almeida
postado em 06/07/2010 07:35
As palavras da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, soaram como música aos ouvidos dos 486 empresários reunidos ontem, em São Paulo, em um encontro organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide). Em pouco mais de uma hora, Dilma defendeu a reforma tributária em curto prazo, falou em avanços na infraestrutura, criticou a invasão de terras por grupos organizados como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pregou melhorias na educação. Às vésperas de dar o pontapé inicial em uma campanha que custará R$ 157 milhões, conforme registrado por sua coligação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dilma falou para uma plateia seleta. O Lide é formado por empresas que têm faturamento mínimo de R$ 200 milhões e respondem a 44% do Produto Interno Bruto (PIB) privado nacional.Com discurso apaziguador, Dilma garantiu sua intenção de dar continuidade ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos mais bem avaliados na história recente do país. ;Estamos em clima de estabilidade econômica e de estabilidade social. E isso não vai mudar.; A candidata criticou ainda o sistema tributário brasileiro, o qual qualificou como ;caótico; devido à sobreposição de impostos, o chamado efeito cascata. Ela prometeu uma reforma tributária com a desoneração total da taxação sobre investimentos e da folha de pagamentos, por meio da mudança dos índices da Previdência Social. Defendeu ainda uma base unificada do ICMS nos Estados, medida que fez parte de todas as tentativas malsucedidas de reforma tributária.
A candidata evitou, porém, abordar o imposto sobre grandes fortunas. A cobrança está contemplada no programa de governo protocolado ontem no TSE e é tida como uma das reivindicações da ala mais esquerdista do PT. Apesar de prevista na Constituição, a tributação nunca chegou a ser regulamentada. No mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto que cria o imposto. Em entrevista recente a um programa de TV, Dilma alegou que essa não era uma das prioridades do seu governo.
Sem terra
Questionada por empresários sobre os conflitos de terra no campo, que têm como principal protagonista o MST, a ex-ministra da Casa Civil fez questão de descolar a imagem do movimento à do governo federal. ;Não podemos compactuar com a ilegalidade. Movimento é movimento, governo é governo.; A afirmação de que o governo Lula teria promovido a paz no campo e não teria ;deixado a coisa solta; provocou reações na plateia, que acompanhava a candidata com atenção.
Outra bandeira empunhada por Dilma foi a da educação. A petista voltou a pregar a necessidade de melhores condições de aprendizado, formação continuada para os professores e transformação das universidades em centros de excelência. Uma pesquisa feita pela organização do evento revelou que a educação é a prioridade nas melhorias para os empresários presentes, nas eleições 2010. Na avaliação dos entrevistados, o principal fator que impede o crescimento de suas empresas é o fator tributário, com 85% das respostas. Eles apontaram ainda a reforma fiscal como uma das mais importantes para o setor.