postado em 09/07/2010 07:45
Belo Horizonte ; A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, deixou claro ontem, durante encontro com simpatizantes de sua candidatura que pretende dirigir suas principais críticas a Dilma Rousseff (PT), sua ex-companheira de partido e adversária na disputa pelo Palácio do Planalto. Marina classificou como ;vexatório;` o episódio da troca de última hora do plano de governo de Dilma registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O plano, que chegou a ser rubricado pela ex-ministra na Justiça Eleitoral, foi substituído por causa da polêmica envolvendo propostas como taxação de grandes fortunas, apoio ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e redução da jornada de trabalho.;Não quero ficar fazendo picuinha, quero discutir o que é grande para o Brasil, mas mesmo um episódio como esse é revelador das coisas. Talvez mesmo ali estivesse o programa do PT, mas o grupo da coligação botou o pé embaixo mesmo depois do programa protocolado, rubricado. Foram lá e tiraram.; Segundo ela, a crítica foi só para ;para mostrar que, quando as alianças não são feitas com base num conteúdo programático, a gente às vezes passa por situações vexatórias como essa.;
A troca do programa também foi criticada pela ex-petista Sandra Starling, uma das fundadoras do PT, que deixou o partido insatisfeita com a aliança entre a legenda e o senador Hélio Costa (PMDB), candidato ao governo de Minas Gerais, imposta pelo comando nacional da legenda. Segundo ela, ao protocolar o programa, o partido buscou a coesão interna com a esquerda, mas acabou atropelado pelos aliados. ;Afinal de contas, qual é o programa? Se está assim antes, imagina se houver o depois. Acho que isso foi uma pequena amostra de uma coisa não inteiramente colocada, não transparente.; Sandra vai coordenar em Minas o comitê suprapartidário que deverá ser inaugurado em agosto. A intenção é reunir apoiadores de diversas legendas e também pessoas sem filiação partidária que tenham simpatia pela candidatura de Marina.
Saia justa
A senadora também criticou a briga travada entre Serra e Dilma pela paternidade do Bolsa Família. ;Em política pública, não tem essa história de pai, nem de mãe, nem de tio, nem de avô. É política do Estado, do cidadão. É dinheiro do cidadão. Marina prometeu manter o Bolsa Família, mas ampliando o programa para garantir cursos profissionalizantes para os beneficiários caso seja eleita. ;Faremos políticas sociais de terceira geração;, explicou. De Belo Horizonte, Marina seguiu para o Triângulo Mineiro, onde permanece até amanhã. Ela visita Araguari, Uberlândia e Uberaba.
Depois de ter seu candidato a vice-presidente, Guilherme Leal, notificado pelo Ibama por suposto crime ambiental em sua fazenda no litoral da Bahia, ontem foi a vez de Marina passar também por mais uma saia justa, desta vez envolvendo o candidato a governador pelo PV mineiro, deputado federal José Fernando Aparecido Oliveira.
Após o discurso de Marina para simpatizantes, um dos filiados do PV, Gustavo Gazzinelli, criticou o deputado pela sua relação com mineradoras acusadas pelos ambientalistas de degradação ambiental durante sua gestão à frente da prefeitura de Conceição do Mato Dentro (2001 a 2006) e exigiu dele ;autocrítica;. Cobrou também organização política da campanha no estado e criticou a falta de apoio da bancada de deputados do PV à candidatura de Marina. Visivelmente constrangidos, a senadora e o deputado não responderam o ambientalista, acatando sugestão da coordenadora do evento, Sandra Starling, que disse não ser aquele o melhor momento para discutir o assunto.
Na terra de Índio
O candidato do PSDB a presidente da República, José Serra, investiu ontem no reduto eleitoral do vice, Índio da Costa (DEM-RJ). Os dois passaram a quinta-feira no Rio de Janeiro, onde viajaram de trem da Central do Brasil até Bangu, na Zona Oeste. Em seguida, eles fizeram corpo a corpo com o eleitorado durante uma caminhada pelo calçadão do bairro.
Ao lado de Índio, que passou despercebido pela maioria do eleitorado, Serra conversou com os passageiros do trem e com os comerciantes de Bangu. Enquanto o tucano ouvia reclamações, o deputado do Democratas aproveitou para se apresentar aos eleitores, apesar de estar em sua base eleitoral.
Evitando criticar diretamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os adversários políticos, Serra adotou um discurso de ampliação da atuação do governo federal e de conciliação de partidos de oposição. ;No governo, eu trabalho com todo mundo, independentemente da carteirinha partidária. A gente tem que trabalhar para as pessoas, para as famílias;, disse.
Durante a passagem pela capital carioca, Serra reafirmou que o Brasil precisa de policlínicas para reduzir as filas nos hospitais públicos, de um Ministério da Segurança e de mais investimentos em educação. ;Não adianta só o trololó, ficar dizendo isso e aquilo. Temos que valorizar o professor e seu treinamento.;
O presidenciável do PSDB também criticou a análise do Código Florestal em ano de eleição. A proposta foi aprovada na última terça-feira na Comissão Especial do Congresso e deve ser analisada pelo plenário da Câmara depois de outubro. ;Não é um assunto para ser debatido durante uma campanha eleitoral(...) isso tem que ser discutido de cabeça fria. Acho que o próximo governo deve elaborar uma legislação que seja duradoura consolidando a preservação e o desenvolvimento do país;, afirmou o candidato.