Igor Silveira
postado em 10/07/2010 07:00
A concorrência apertou e muitas estrelas da política nacional optaram por vagas que exigem menos votos para não correrem o risco de ficar sem mandato em 2011. O Senado, considerado ;Casa alta; por selecionar os representantes por voto majoritário e abrigar ex-presidentes, ex-ministros e ex-governadores, tornou-se um sonho distante até mesmo para parlamentares que deveriam tentar a reeleição. Assim, a eleição proporcional tornou-se a alternativa para os que temem uma revolta das urnas este ano.O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) integra a lista dos parlamentares que tentam trocar o Salão Azul pelo Salão Verde, no próximo ano. Azeredo vai disputar vaga de deputado federal depois de oito anos no Senado. O argumento para o suposto ;rebaixamento; é a decisão do ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) de voltar ao Legislativo em vez de integrar a chapa de José Serra (PSDB) na disputa presidencial. ;Aécio será o candidato do PSDB ao Senado;, aponta. Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente do senador do Hélio Costa (PMDB-MG), também concorrerá à Câmara, apesar de ter marcado presença no Senado enquanto substituía o ex-ministro da Comunicação de Lula.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), está no grupo dos 100 parlamentares citados como mais influentes, mas não arriscou a reeleição ao Senado por seu estado, onde concorreria com Marco Maciel (DEM), Humberto Costa (PT) e Raul Jungmann (PPS). Preferiu registrar candidatura como deputado federal. O argumento para trocar de Casa é o empenho na campanha presidencial do partido. ;A dedicação exigida na disputa de senador é incompatível com a agenda de coordenador de campanha e de presidente nacional do PSDB;, alega.
Existem, também, aqueles que, enquadrados pelo partido, decidiram não concorrer a nada. É o caso da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). O partido não apoiou a reeleição de Serys e optou por lançar o deputado federal Carlos Abicalil, presidente da legenda em Mato Grosso. O PT insistiu para que a senadora se lançasse à Câmara, para atuar como puxadora de votos.
;Disseram que a partir do momento que eu tenho mais visibilidade, deveria sair candidata à Câmara, para fazer bancada, puxar votos;. Serys, contudo, decidiu ficar sem mandato. ;Acharam que eu estava blefando quando disse que não me candidataria a nada;, protesta.
Afastado dos cargos eletivos há quatro anos, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) tinha a intenção de enfrentar o ex-aliado político, Sérgio Cabral (PMDB). Depois das primeiras pesquisas eleitorais e da ação judicial que chegou a barrar sua candidatura, Garotinho desistiu do cargo majoritário. Agora, mira a Câmara. ;Meu coração pedia que disputasse o governo. A razão vem mostrando o contrário;, escreveu em seu blog.
Azul
O ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc (PV-RJ) ganhou notoriedade nacional pelos coletes extravagantes e pelos bons resultados na redução no desmatamento da Amazônia. No Rio de Janeiro, elegeu-se deputado estadual seis vezes seguidas. Quando deixou a pasta ambiental, em abril, sofreu pressão para tentar vaga na Câmara ou no Senado, mas não quis. ;Não fui picado pela mosca azul;, diz o ex-ministro, ao justificar o motivo pelo qual preferiu tentar, mais uma vez, uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O caso da senadora Patrícia Saboya (PPS-CE) é distinto. Ela tinha planos de tentar a reeleição no Senado, mas atendeu a um pedido do amigo pessoal Cid Gomes (PSD), governador do Ceará. Com o racha entre PSB e PSDB, do senador Tasso Jereissati, Gomes considerou que a volta de Patrícia ao estado seria fundamental para reunificar a base aliada. Assim, a senadora é candidata a deputada estadual com a missão de facilitar a governabilidade de Cid Gomes.