Ivan Iunes
postado em 10/07/2010 07:00
O escândalo do castelo deixou o deputado Edmar Moreira (PR-MG) R$ 7,5 milhões mais pobre. O parlamentar respondeu a processo no Conselho de Ética da Câmara por destinar verba indenizatória a sua empresa de segurança. Foi questionado pela opinião pública por deixar de mencionar à Justiça Eleitoral um castelo avaliado em R$ 20 milhões. Quatro anos depois de eleito, conseguiu enxugar consideravelmente sua declaração de bens.Se à época do escândalo do castelo o montante de R$ 9,5 milhões já era considerado subestimado para totalizar os bens do deputado, agora suas propriedades foram reduzidas a pouco mais de R$ 2 milhões. Cotas de empresa de segurança e de crédito que estavam no nome do deputado em 2006 desapareceram de sua declaração. O Correio procurou o parlamentar, mas não obteve resposta sobre a variação dos bens.
Edmar não é o único que apresentou declaração de bens encolhida junto ao tribunal eleitoral de seu estado. O deputado Gerson Peres (PP-PA) conseguiu dar fim a R$ 1,9 milhão em patrimônio durante os quatro anos de mandato na Câmara. Do terreno com duas casas e piscinas, do apartamento e do título de rendas sobrou apenas um zero indicando que o parlamentar afirma não ter mais qualquer posse.
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP), que disputa a reeleição este ano, viu mais da metade de seus bens desaparecerem a partir de 2006. Da declaração que apontava R$ 826.834 sobraram R$ 324.114. Parte da perda deve-se ao fim de uma caderneta de poupança no valor de R$ 226.304. A alegação para a redução é que a caderneta pertenceria à mulher do senador e foi declarada na lista de bens de Papaléo à Justiça Eleitoral em 2006.
Depois de doar 134 de suas 200 cabeças de gado, o deputado Lindomar Garçon (PV-RO) conseguiu reduzir a zero seu patrimônio, que contava também com uma casa, uma propriedade rural e um ônibus. Quatro anos na Câmara também não melhoraram a declaração do deputado Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ao ingressar na vida parlamentar, o parlamentar do DEM tinha na sua lista de bens carro importado e embarcação, avaliados em R$ 130 mil. Agora, não tem mais carro nem barco, segundo sua declaração de 2010.
Modéstia
Na lista dos parlamentares mais modestos também está a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT). Na ocasião de sua candidatura ao governo, Ana Júlia declarou ter apenas um automóvel, modelo nacional, avaliado em R$ 38 mil. Nesses quatro anos à frente do Pará, a governadora não manteve nem o veículo em seu nome.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE) disputará cargo de deputado federal depois de ver o seu patrimônio eleitoral diminuído. Além do votos, o parlamentar alega ter sofrido uma fuga de cifras. Perdeu, segundo sua declaração, pelo menos R$ 300 mil dos R$ 2,3 milhões divulgados em 2006. A socialista Luciana Genro (PSol-RS) faz jus ao lema anticapitalista de seu partido. A declaração de bens da candidata mostra que a política pode nem sempre ser um bom negócio. Seu patrimônio vem sendo reduzido ano a ano. Os R$ 175 mil declarados em 2006 caíram para R$ 119 mil em 2008. Agora, somam R$ 91 mil.