postado em 13/07/2010 07:30
PatrimôniOs maiores patrimônios declarados à Justiça Eleitoral não estão entre os candidatos a presidente da República ou a governos estaduais. Nem a cargos de senador ou deputado. Estão entre os suplentes de senadores. Apenas os bens dos 20 mais ricos somam R$ 2,33 bilhões. Milionários, eles aguardam uma possível vaga no Senado sem fazer muito esforço. Muitos deles colaboram financeiramente com a campanha do titular. A vaga surge quando o senador renuncia para ocupar o cargo de governador, quatro anos mais tarde, ou quando assume um posto de ministro em qualquer momento do mandato. O mais rico dos suplentes é o empresário João Claudino (PRTB-PI), suplente do deputado e candidato ao Senado Ciro Nogueira (PP). Ele declarou bens no valor total de R$ 623 milhões (veja quadro ao lado). É dono de shopping, frigorífico e fábrica de colchões no Piauí.Lírio Parisotto (PMDB-AM) é um empresário paciente. Ele é segundo suplente do candidato a senador Eduardo Braga (PMDB), ex-governador do Amazonas. Teoricamente, Braga poderá voltar ao governo daqui a quatro anos. Mas a prioridade será para a primeira suplente, Sandra Braga (PMDB). Parizotto declarou patrimônio de R$ 616 milhões. A maior parte, R$ 423 milhões, é relativa a aplicações em fundos de ações. Ele também tem R$ 98 milhões em ações da Matsukaua, mais R$ 57 milhões em ações da Videolar. Mas a ligação de Parisotto com Braga não é de agora. Nas eleições de 2006, a Videolar doou R$ 420 mil para Braga, então candidato ao governo.
Outro suplente milionário é o ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ). Ele tentou voltar à Câmara dos Deputados em 2002, com a campanha mais cara (R$ 2,4 milhões), mas não obteve votos suficientes. Agora, está como suplente do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM). A maior parte do seu patrimônio, num total de R$ 564 milhões, está em cotas de capital social da Samambaia Investiments Limiter, nas Ilhas Virgens Britânicas. São R$ 400 milhões.
Caciques
A maioria dos caciques políticos que disputam uma vaga no Senado conta com um suplente milionário. No Distrito Federal, a tucana Maria de Lourdes Abadia tem como suplente o deputado Osório Adriano (DEM), um empresário com patrimônio de R$ 64 milhões. Em São Paulo, o senador Romeu Tuma (PTB) vai tentar a reeleição ao lado de um suplente rico, Antônio Carbonari (PTB). Os seus bens somam R$ 46 milhões. O ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG) terá como suplente Elmiro Nascimento (DEM-MG), dono da fazenda Santiago, em Presidente Olegário.
Os senadores Heráclito Fortes (DEM-PI), Delcídio Amaral (PT-MS), Romero Jucá (PMDB-RR), Demostenes Torres (DEM-GO), João Ribeiro (PR-TO) e José Agripino (DEM-RN) também contam com suplentes bastante ricos. O candidato a suplente de Delcídio, Pedro Chaves (PSC-MS), tem um patrimônio de R$ 69 milhões. O senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) chegou ao cargo porque era suplente do pai, o senador ACM (DEM-BA). Nesta eleição, ele será o suplente do candidato ao Senado José Carlos Aleluia (DEM-BA), atual deputado federal.
PMDB está na frente
A estratégia de colocar milionários nas vagas de suplentes de senadores é comum a quase todos os partidos e estados. Vai do Democratas ao Partido Socialista. Em primeiro lugar nesse ranking especial está o PMDB. O patrimônio de seus deputados soma R$ 740 milhões. Mas é preciso considerar que apenas Lírio Parisotto tem bens no valor de R$ 616 milhões. O suplente do senador Romero Jucá (PMDB-RR), Sander Salomão (PMDB), tem patrimônio declarado de R$ 49 milhões. Em segundo lugar vem o PSDB, com R$ 716 milhões. Mais uma vez, a maior parte da fortuna está nas mãos de apenas um candidato a suplente, Ronaldo Cezar Coelho. O PT não tem nenhum candidato a suplente milionário.
Novamente seguindo a tradição, a maior parte dos candidatos milionários está em estados pequenos. João Claudino (PRTB) é do Piauí; Lírio Parisotto, de Amazonas. A exceção é Ronaldo Cesar Coelho, que disputa a eleição no Rio de Janeiro. Há também uma boa concentração desses candidatos em estados como Roraima, Tocantins e Distrito Federal. Nesses estados, a eleição é mais barata do que nos grandes centros. Os investimentos necessários para eleger um senador são bem menores. Depois, é só esperar pela vaga.
O Senado conta hoje com parlamentares que um dia foram suplentes. Entre eles está Wellington Salgado (PMDB-MG), que ocupou a vaga quando o titular Hélio Costa era ministro das Comunicações. Agora, Costa tenta se eleger governador de Minas.