Estado de Minas
postado em 13/07/2010 14:02
A campanha eleitoral começou há uma semana e alguns pontos de Belo Horizonte já foram invadidos com cartazes de candidatos às eleições de outubro. Desrespeitando a legislação, que não permite propagandas eleitorais em locais público e privados sem a autorização dos proprietários, os políticos escolheram, principalmente, lotes vagos e locais que aparentemente estão abandonados para espalharem suas caras com o número que o eleitor deve digitar na urna. A multa para os candidatos que colam propagandas em locais proibidos varia de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Em caso de reincidência, a propaganda irregular pode levar à cassação do diploma.A sujeira chama a atenção, principalmente, na Rua Jacuí e na Avenida Antônio Carlos e deixa os donos dos locais indignados. ;Eu tento sempre deixar meu lote limpo. Nem sabia que tinham colado propaganda no meu lote. Ninguém veio me procurar. Eu fico indignada com essas coisas;, afirma Cleusa Maria Soares, proprietária de um lote na Avenida Antônio Carlos, próximo ao número 2638, no Bairro Aparecida, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Os políticos que mais espalharam sujeiras até o momento foram candidatos a deputado federal, o deputado Miguel Corrêa (PT) e o vereador Luis Tibé (PtdoB).
Ainda na Avenida Antônio Carlos, em um lote vago, o Estado de Minas encontrou três cartazes colados. Mais uma vez o deputado federal Miguel Corrêa e o vereador Luis Tibé aparecem. Além da propaganda deles, havia cartazes do candidato a deputado federal Gabriel Guimarães (PT), filho do deputado federal Virgílio Guimarães (PT), que é suplente a senador do Fernando Pimentel (PT), junto com a presidenciável Dilma Rousseff (PT) e o candidato a deputado estadual, vereador João da Locadora (PT). Ao lado deste cartaz, havia o de Fernando Pimentel (PT), candidato ao Senado.
Vizinhos do lote informaram que o terreno é da prefeitura e que aguarda a construção de um posto de saúde. Em outro terreno no número 4.160 na Antônio Carlos, que também pertence à prefeitura, conforme informações da Regional Pampulha, os mesmos candidatos colaram cartazes, poluindo o local.
A reportagem encontrou outros cartazes do deputado federal Miguel Corrêa e do vereador Luis Tibé na Avenida Antonio Carlos e na Avenida Santa Rosa, na Pampulha, mas como a maioria são lotes vagos não localizamos os donos para informarem se autorizaram a colagem das propagandas em seus muros. Na Rua Jacuí quem ocupou os quarteirões foi o candidato a deputado federal Luis Tibé. Seu rosto está estampado na parede do Hospital São Francisco de Assis, em um prédio residencial, no muro de uma obra abandonada e de um lote vago. O jornal não localizou os responsáveis.
Quem passa pelo Centro da cidade também encontra sujeira das campanhas. Em um prédio na Rua Acre, onde funciona uma instituição beneficente, o Centro dos Chaffeurs de Belo Horizonte, a propaganda do candidato ao Senado o ex-prefeito Fernando Pimentel chama a atenção de quem desce o viaduto. A diretora do prédio, Rosangela Maria Oliveira, disse, que vai tomar providencias. ; Vou mandar arrancar e pintar. Se fizerem de novo, vou denunciar.; Ela afirma que ninguém a procurou para pedir autorização.
;É um absurdo essa sujeira que estes políticos fazem. Nem nós, que somos locatários, não podemos pintar, fazer propaganda do lado de fora. Aí vem esse pessoal de noite e cola isso;, disse uma comerciante que aluga uma loja no mesmo prédio da Rua Acre e não quis se identificar.
O diretor executivo da Escola Judiciária Eleitoral do TRE-MG o juiz José do Carmo Veiga de Oliveira lembra que as pessoas podem recorrer ao TRE para fazer denúncias. ;Por meio da denúncia on-line o eleitor preenche um formulário e sua identidade permanece preservada;, afirma. Com a denúncia em mãos o TRE vai até o local para ver se a denúncia procede. Em caso afirmativo o tribunal notifica o candidato, que tem que retirar a propaganda em 48 horas. ;Se o político não retirar, o TRE encaminha para a procuradoria para fazer a representação ao tribunal. E se ele retirar o procurador eleitoral pode optar pelo arquivamento.;