postado em 14/07/2010 09:01
A ausência do presidente Lula na inauguração do comitê de campanha de Dilma em Brasília foi combinada com a própria candidata na segunda-feira, quando os dois conversaram para acertar como deve ser a participação do presidente nos comícios. Apesar das pressões de alguns integrantes do PT para que ele não faltasse ao evento ; em especial, os candidatos do Distrito Federal, que queriam imagens ao lado do presidente ;, Lula considerou que a festa de ontem era mais voltada aos militantes petistas e aos aliados. E não propriamente à população, onde a presença de Lula terá mais efeito em termos de conquista de votos.Junto aos militantes, a ordem é deixar que Dilma brilhe sozinha ao lado do candidato a vice, Michel Temer (PMDB-SP), e outros petistas e aliados candidatos. Afinal, nessas festas partidárias voltadas para o público interno e políticos, avaliam muitos, não há riscos de dar algo errado, ou de as pessoas não comparecerem para prestigiar a candidata como o nome do PT à Presidência da República. A estratégia serve ainda como uma forma de contrapor a imagem de ventríloquo, que os tucanos tentam imputar à ex-ministra, como se ela não conseguisse dar um passo sem Lula do lado. O próprio Serra em algumas oportunidades já se referiu à petista como um boneco ventríloquo sem ideias próprias.
Triângulo dos votos
Na hora de colocar Dilma cara a cara com o povo, será diferente. O PT não deixará de tentar, junto ao eleitor de todas as classes, em especial C, D e E , de tentar transferir ainda mais votos para Dilma. No encontro de segunda-feira, Lula combinou com a candidata que irá participar especialmente de eventos em grandes colégios eleitorais, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A menção desses estados como territórios marcados para uma agenda onde os dois estarão lado a lado, não é aleatória. São Paulo, Minas e Rio, nesta ordem, formam o que os políticos chamam de ;triângulo dos votos;, onde um candidato a presidente que se preze tem a obrigação de sair bem.
Desses quatro, José Serra, do PSDB, tem a vantagem no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Na Região Sul como um todo, as últimas pesquisas apresentaram Serra com praticamente metade do eleitorado. Em São Paulo, os tucanos esperam uma vantagem de seis milhões de votos sobre o PT de Dilma. No Rio de Janeiro, Serra tem agora, o vice, Índio da Costa, o que pode, na avaliação de alguns petistas, despertar a atenção do carioca para a campanha tucana. Em Minas Gerais, Serra tem o ex-governador Aécio Neves, do PSDB, que essa semana ciceroneou o presidenciável em uma caminhada em Belo Horizonte.
É para reduzir essas vantagens de Serra que o PT pretende trabalhar mais a presença de Lula ao lado de Dilma. Os petistas avaliam que, no caso de Minas Gerais, por exemplo, o único nome capaz de bater o prestígio de Aécio é o do próprio Lula.