postado em 19/07/2010 08:28
Quase 15 dias depois do início oficial da campanha, os dois candidatos à Presidência da República melhores colocados nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), desembarcam esta semana em Minas Gerais com a mesma missão: atrair votos do segundo maior colégio eleitoral do país. A disputa no estado que reúne 14,2 milhões de eleitores ; 10,7% do total ; não é fácil. O PT, que precisa fortalecer a imagem da candidata e minimizar a popularidade do ex-governador Aécio Neves (PSDB), não conseguiu encabeçar a chapa para o governo do estado. Aliou-se, depois de muita polêmica, à Hélio Costa (PMDB), ex-ministro das Comunicações. Já a oposição precisa quebrar a força da ;Dilmasia; ; eleitores que votarão em Antonio Anastasia (PSDB) para o governo do estado e Dilma para o Palácio do Planalto. A ideia repete o fenômeno ;Lulécio; das eleições de 2006. Coordenadores das duas campanhas traçam estratégias parecidas, que incluem incursões pelo estado e atrair o maior número de prefeitos para a base de apoio.Dilma e Serra não devem se encontrar durante a passagem por Minas. O tucano começa a visita hoje pela capital Belo Horizonte, onde participa da inauguração de um comitê virtual da campanha de Anastasia e de Aécio, candidato ao Senado. Segundo o coordenador da campanha tucana no estado, deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG), a estrutura dos candidatos estaduais também será usada pelo presidenciável. ;Vamos fazer ações combinadas para fortalecer as três candidaturas de uma única vez e criar uma grande mobilização;, afirma.
Serão inaugurados comitês em 20 cidades-polo para divulgar as propostas dos candidatos. Um desses municípios será Divinópolis, no Centro-Oeste do estado. O tucano seguirá de Belo Horizonte para a cidade, a 121 quilômetros da capital, que é um reduto de tucanos. Comandada por Vladirmir de Faria e terra natal do líder da maioria, deputado estadual Domingos Sávio (PSDB-MG), Divinópolis deve se tornar uma base importante para Serra em Minas. Ele irá se encontrar com lideranças locais e depois participa de uma carreata no município.
Já Dilma tenta se mostrar cada vez mais próxima de Minas, apesar de ter passado boa parte da vida no Rio Grande do Sul. Ela começa a visita amanhã por Uberlândia. Depois, a candidata irá para Montes Claros.
Índio multado
Vice-candidato à Presidência na chapa de Serra, o deputado Índio da Costa (DEM-RJ) foi multado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em R$ 5 mil por propaganda antecipada no Twitter. O deputado pediu o voto de um seguidor antes do início oficial da campanha.
Durante o fim de semana, Índio usou a internet para atacar o governo. Depois da repercussão negativa, a entrevista, concedida ao site Mobiliza PSDB, em que o parlamentar acusa o PT de ligações com as Forças Armadas Revolucionárias (Farc) e com o narcotráfico, sumiu do site. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), classificou a atitude do vice de José Serra de ;molecagem; e disse que Serra deveria ;puxar a orelha dele;.
É um plebiscito da baixaria. O povo brasileiro não merece e nem precisa disso;
Marina Silva
Análise da notícia
Cenário nebuloso
Tiago Pariz
Tucanos e petistas alegam ter encontrado a estratégia definitiva para o estado que tem o potencial de ser o fiel da balança na eleição presidencial de outubro. E reverberam teses. De um lado, caso prevaleça a popularidade do presidente Lula, a candidata do PT, Dilma Rousseff, sairá vitoriosa. Mas se o ex-governador Aécio Neves (PSDB) transferir seus votos de senador para José Serra, os próximos quatro anos serão comandados por um tucano no Palácio do Planalto. Na realidade, até agora ninguém sabe bem o que o eleitor mineiro quer.
As campanhas apenas dizem ter a solução que serve para os dois lados: aumentar a presença do candidato em comícios, passeatas, reuniões políticas e mobilização de aliados. E nesse rotina redundante, as agendas até se cruzam. Os dois estiveram ao mesmo tempo na maior feira do agronegócio e esta semana também estarão no estado. Dilma, em Uberlândia, e Serra, em Belo Horizonte.
A campanha de Dilma acredita que conseguirá fazer uma votação expressiva em Minas para equilibrar o jogo que, historicamente, é favorável ao PSDB em São Paulo. Na matemática petista, vitória em Minas e no Rio de Janeiro anula o desempenho de Serra entre o eleitorado paulista e nos três estados do Sul do país.
Aécio, como Lula, tenta emplacar um candidato técnico que jamais foi testado nas urnas. Nessa conta, a chave do tesouro é tentar antecipar os movimentos dos mineiros. Será que o eleitor vai digerir qualquer uma das opções e, acima de tudo, depois de escolher na urna o senador e o governador, ele fará uma guinada de 180 graus no voto para presidente?
Contra a ;baixaria;
Terceira colocada na corrida presidencial, segundo as últimas pesquisas, Marina Silva (PV) voltou a criticar o ;plebiscito da baixaria; promovido pelas campanhas dos principais adversários, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Durante visita a Teresina (PI) no fim de semana, Marina apontou que não é o currículo que vai decidir o pleito e rechaçou a ideia de eleição plebiscitária. Entrecortando elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao antecessor, Fernando Henrique Cardoso, a candidata verde ainda declarou ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A presidenciável verde falou durante um encontro de militantes do PV, no Auditório Mestre Dezinho, no Centro de Artesanato da capital piauiense. Para a senadora acreana, as campanhas de Serra e de Dilma ainda patinam na sugestão de propostas e abusam da baixaria. ;É um plebiscito da baixaria. O povo brasileiro não merece e nem precisa disso. Não vamos entrar nesse jogo de vale tudo para saber quem faz mais ataques. Queremos discutir propostas e ideias;, sugeriu Marina. A candidata ainda prometeu aos eleitores locais que seguirá a política econômica de Fernando Henrique, com o plano Real, e os programas sociais de Lula, como o Bolsa Família.
Na noite de sábado, logo após o seu primeiro comício de campanha, Marina ainda foi questionada por eleitores evangélicos sobre o seu posicionamento acerca do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em resposta, disse que respeitava os direitos civis dos homossexuais, mas se esquivou da hipótese de legislar sobre o assunto caso seja eleita. A justificativa apontada foi de que essas leis seriam tema do Legislativo, e não do Executivo. ;A gente não pode fazer o discurso do ódio contra essas pessoas. Eu não apoio (o casamento gay), mas a minha relação é de respeito e de não promover a discriminação;, respondeu Marina.