Politica

PSDB e PT longe da grana virtual

Tucanos relegam doações para a campanha via internet e petistas farão apenas um ensaio para 2012. Marina vai explorar a opção

Igor Silveira, Ivan Iunes
postado em 20/07/2010 07:00
Ao que tudo indica, a aguardada arrecadação de recursos para as campanhas via internet deve ficar mesmo para 2012. Tida como uma das vedetes das eleições de outubro, a novidade eleitoral foi relegada ao segundo plano pela maioria dos candidatos. A petista Dilma Rousseff , por exemplo, considera este pleito apenas um balão de ensaio no quesito doações por meio virtual. Mais radical, o tucano José Serra não deve ter qualquer mecanismo para que o eleitor contribua com a campanha pela rede. Entre os três principais candidatos à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, apenas Marina Silva (PV) ainda nutre expectativas em relação à alternativa para arrecadar recursos. Não por acaso, ela é a única que disponibiliza em seu site uma seção específica para cadastrar futuros doadores.

O comando de campanha de José Serra foi o primeiro a bater o martelo sobre as doações pela internet. Debruçados sobre os custos da operação e a expectativa de doações, o coordenador administrativo da campanha, José Henrique Reis Lobo, anunciou ontem que o eleitor simpático ao tucano terá de procurar os comitês se quiser contribuir. Pela internet, o repasse está descartado. ;Não vamos mais disponibilizar pela rede a opção para doações. Chegamos à conclusão de que os riscos e os custos envolvidos no processo seriam maiores do que o valor efetivamente recebido pela campanha;, diz. Para ele, o principal entrave para o serviço são os altos custos cobrados pelas administradoras de cartão de crédito.

O nó principal observado pelos tucanos, contudo, é a prestação de contas. O comitê financeiro de Serra entendeu que seria quase impossível cumprir a legislação eleitoral e discriminar efetivamente os recursos recebidos e suas aplicações. Caso alguma irregularidade fosse detectada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura poderia ser até mesmo cassada.

Do outro lado da mesa, a campanha de Marina Silva ainda aposta cartas altas na internet para aumentar o volume de recursos doados à campanha. A intenção da candidata verde é de abrir o site oficial para doações a partir da primeira semana de agosto. ;Nós discordamos de que os custos da operação sejam altos. É uma questão de viabilizar burocraticamente as doações. Mesmo a prestação de contas é simples, o sistema já emite o recibo e a doação cai direto na conta;, explica o coordenador da campanha de Marina, João Paulo Capobianco.

Buraco negro
Para os petistas, o sistema de doações pela internet também pode ser um buraco negro, mas a campanha de Dilma Rousseff decidiu disponibilizar, mesmo que em caráter precário, o serviço. A ideia do partido é fazer destas eleições um ensaio para o pleito municipal de 2012. Mesmo assim, os estrategistas descartam a possibilidade de captar altas somas pela internet.

;Não tenho nenhuma ilusão de que teremos no Brasil um volume de recursos captados dessa forma, como houve nos Estados Unidos. O importante é iniciarmos esse movimento, criarmos uma cultura de doações individuais de forma a democratizar esse processo;, diz o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Marina defende o PT no caso do mensalão
Marina Silva, candidata do PV à Presidência da República, defendeu ontem o PT no caso do mensalão. ;Não concordo com essa pecha de querer dizer que todos (do PT) participaram do mensalão. Não participaram, foi apenas meia dúzia de parlamentares que fizeram essa derrota. E, hoje, eles estão sendo investigados e devem ser punidos;, disse em entrevista por telefone à Rádio Grande Rio FM, de Petrolina (PE). Marina era filiada ao PT e comandava o Ministério do Meio Ambiente em 2005, quando surgiram as denúncias do mensalão. O esquema consistia na compra de votos de parlamentares por parte do governo federal. Na mesma entrevista, Marina elogiou algumas políticas da atual gestão, a estabilidade econômica, e afirmou que dará continuidade a alguns programas, como o Bolsa Família. ;Uma pessoa como eu, que foi analfabeta até os 16 anos, trabalhou como doméstica, trabalhou na roça, trabalhou na seringa e passou fome com a família, sabe valorizar as conquistas.;

Ouça trechos da entrevista com o presidente do PT, José Eduardo Dutra

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