postado em 20/07/2010 07:30
A demora de 45 minutos valeu a pena. Depois de aguardarem, cansadas, a entrada de Dilma Rousseff no ato político promovido ontem pelo PSB, no Hotel Nacional, as 17 militantes que recepcionaram a candidata do PT à Presidência lançando sobre ela pétalas de rosa ficaram contentes com a simpatia da ex-ministra durona. Dilma não economizou nos sorrisos e nos abraços. Tirou fotos com quem pedia. E discursou de forma mais convincente do que nos primeiros passos da pré-campanha. Na cerimônia em que os socialistas apresentaram propostas para o plano de governo da base aliada, a candidata alfinetou o adversário José Serra sobre o real responsável pelos medicamentos genéricos no país e fez questão de reforçar a amizade e a confiança que tem no deputado federal Ciro Gomes (CE).Ciro, que teimou até o último momento em sair candidato ao Palácio do Planalto pelo PSB, não compareceu ao ato político de ontem. A ausência foi minimizada pelo irmão dele, o governador do Ceará, Cid Gomes, que destacou a boa relação entre Dilma e o deputado federal. ;O Ciro está lá no estado, pedindo voto para ela e coordenando a minha campanha (de reeleição). Eles são muito amigos, trabalharam juntos diariamente e nutrem admiração um pelo outro;, enfatizou o governador. Ao discursar, a candidata do PT ressaltou, ainda que numa linguagem metafórica, que contará com o apoio de Ciro. ;Eu respeito o Ciro Gomes, tenho amizade pelo Ciro Gomes e o considero um companheiro de jornada. A jornada, às vezes, dá uns contornos, umas voltas. Mas quem tem o mesmo rumo, tem a mesma jornada;, afirmou Dilma.
A candidata do PT ressaltou, ao mencionar figuras históricas dos quadros do PSB, que o verdadeiro pai dos medicamentos genéricos no Brasil é o ex-ministro da Saúde Adib Jatene. ;É importante atribuir autoria a quem é de direito;, disse, referindo-se a Serra. Embora com mais traquejo no discurso, a ex-ministra trocou o nome do vice-presidente do PSB ; em vez de Roberto Amaral, falou Ricardo Amaral. Automaticamente, foi corrigida por alguns militantes mais atentos da plateia. Sobre os palanques rachados nos estados, em função das alianças regionais, Dilma destacou que irá a todos os estados e fará campanha com todos os candidatos de sua base aliada, sem exceção.
O presidente do PSB, Eduardo Campos (PE), afirmou que o documento entregue a Dilma, ontem, não se trata de um plano de governo, mas sim de propostas gerais. Sob a influência do binômio desenvolvimento e inclusão social, o material fala em respeito aos movimentos sociais, financiamento maior em educação e investimentos em ciência e tecnologia. Para a ministra, que afirmou ter lido as propostas rapidamente, não há qualquer ponto divergente no plano dos socialistas. Cuidadosa, Dilma afirmou, porém, que vai analisar o documento com mais calma. Ela negou, inclusive, qualquer discrepância com as propostas de governo de partidos da base aliada, mesmo o PMDB.
ProUni
Na linha do que defendem os socialistas, no que diz respeito a uma maior atenção na área educacional, a ex-ministra prometeu, horas antes do ato com o PSB, que estenderá os benefícios do Programa Universidade Para Todos (ProUni) ao ensino médio. A ideia é oferecer bolsas de estudo parciais e integrais a estudantes pobres que queiram estudar em escolas particulares. Batizado por Dilma de ProMédio, o programa oferecerá financiamentos com prazos longos e juros reduzidos. Alunos que prestarem serviço ao país, como trabalhar em regiões mais afastadas na saúde, por exemplo, terão bolsa integral, segundo Dilma.