Daniela Almeida
postado em 27/07/2010 08:10
São Paulo ; A candidata à Presidência Marina Silva (PV) aderiu à política da boa vizinhança ontem em relação a uma de suas principais concorrentes nas urnas, a petista Dilma Rousseff. Em sabatina promovida pelo portal Terra, na cidade de São Paulo, Marina defendeu Dilma e criticou o rótulo de ;terrorista; muitas vezes dedicado à ex-ministra, que participou da luta armada durante o regime militar. ;Acho que ela (Dilma) lutou pela democracia. Não acho correto chamá-la de terrorista.; A senadora licenciada lembrou que o caminho institucional escolhido pelo Brasil foi o do perdão tanto aos combatentes da ditadura quanto aos militares. ;A anistia foi para todos.; Marina posicionou-se, contudo, favorável à instauração de uma Comissão da Verdade que esclareça os episódios que tenham acontecido durante o período militar brasileiro. ;Temos que tirar esses cadáveres do armário.;A candidata verde também minimizou os eventuais conflitos entre ela e Dilma, quando as duas integraram o governo federal. Marina ocupou o Ministério do Meio Ambiente de 2003 a 2008, enquanto Dilma foi titular das pastas de Minas e Energia e da Casa Civil. Um suposto impasse com a área desenvolvimentista, representada pelos ministérios de Dilma, e a política ambiental defendida por Marina teria sido o motivo para a saída da senadora do staff do presidente Lula. ;Minhas divergências com a ministra Dilma não eram diferentes das que tinha com (Reinhold) Stephanes (ex-ministro da Agricultura), com o ministro dos Transportes;, argumentou.
O tom aparentemente ameno em relação ao PT, porém, foi interrompido em relação ao programa que é a menina dos olhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marina até defendeu os programas de transferência de renda do governo, mas fez uma ressalva importante: ;O que não podemos é eternizar o Bolsa Família;. A candidata do PV disse ainda que pretende, se eleita, acrescentar ;programas sociais de terceira geração;. A ideia, que ela já havia comentado em ocasiões anteriores, é levar os beneficiários à independência financeira.
A ex-ministra aproveitou o espaço para reforçar o discurso que tem adotado com o objetivo de se diferenciar de Dilma e de José Serra (PSDB), colocando-se como uma opção aos eleitores que não se identificam com tucanos ou petistas. Ela afirmou que seus dois principais adversários são ;muito parecidos;. ;São ;crescimentistas;, são desenvolvimentistas. Eles têm uma coisa muito deles, falam sempre eu, eu, eu...;, ironizou.
Marina endossou a declaração de apoio feita por líderes evangélicos aos candidatos nas eleições. ;Por que os cristãos seriam pessoas que devem ser verdadeiras folhas em branco, que não têm opinião sobre nada? O que não pode é ter voto de cabresto (troca de favores por votos). Os sindicatos fazem isso;, defendeu.