postado em 29/07/2010 07:00
; Erta Souza
; Flávia Urbano
Dando sequência ao tour pelo Nordeste em busca de imagens de campanha e de estreitar laços na região em que o presidente Lula nada de braçadas no quesito popularidade, Dilma Rousseff cumpriu agenda política em Natal (RN) e provocou a oposição. A candidata do PT à Presidência foi recebida logo cedo, no Aeroporto Augusto Severo, por dois candidatos ao governo de partidos da base aliada: Iberê Ferreira de Souza (PSB), atual governador, e o ex-prefeito da capital potiguar Carlos Eduardo Alves (PDT). Foi a primeira visita de Dilma ao estado depois da homologação da candidatura e a primeira vez que participou de corpo a corpo. Ela não perdeu tempo em provocar Serra e o DEM
Antes do primeiro compromisso ; uma palestra na 62; Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Dilma concedeu entrevista na qual criticou o DEM por ter sido contra o Programa Universidade Para Todos. Segundo Dilma, o partido, que no Rio Grande do Norte tem como candidata ao governo a senadora Rosalba Ciarlini, tentou impedir na Justiça a implantação do programa. ;Eles foram contra o Prouni com palavras e gestos. O governo luta pela integração da educação, favorecendo o desenvolvimento acadêmico dos brasileiros;, disse Dilma.
Recebida no auditório da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) sob os gritos de ;Brasil pra frente, Dilma presidente;, a candidata do PT comparou a estratégia de Serra na atual corrida eleitoral à utilizada pelo próprio tucano quando perdeu para Lula, em 2002. ;A esperança vai vencer o medo novamente;, comentou Dilma, em referência a uma frase da atriz Regina Duarte que se tornou famosa naquela eleição. Para a petista, o ex-governador paulista tem a intenção de trazer uma falsa aura de insegurança para o eleitorado ao sugerir que a vitória de Dilma significaria um fortalecimento das invasões do MST e um predomínio das alas radicais petistas à frente do Estado.
Reivindicações
A ex-ministra recebeu do presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, e do presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis Júnior, um documento que aponta avanços na área de ciência e tecnologia nos últimos anos e o que ainda precisa ser feito. Dilma destacou os projetos desenvolvidos nos dois mandatos de Lula e ressaltou a importância da SBPC como forma de construir uma sociedade mais autônoma. ;Eventos como este ajudam a construir a liberdade de pensamento do país;, disse.
A petista destacou, ainda, a importância dos ensinos básico e superior para consolidar um ensino de qualidade. Segundo ela, nos últimos anos o Ministério da Ciência e Tecnologia dobrou o número de bolsas do CNPq e da Capes e foram concedidas 160 mil bolsas de iniciação científica. Em 2010, o Brasil alcançou o total de 50 mil mestres e doutores e a produção científica cresceu 56% em 2007/2008. ;Se tem uma coisa de que me orgulho no governo Lula é a interiorização do ensino superior. Vamos incentivar o ensino técnico e profissionalizante em todo Brasil, porque isso é uma forma de proporcionar mais qualidade a nossa educação;, afirmou.
LOBOS E CORDEIROS
O bairro Alecrim, em Natal, parou ontem para ver a caminhada da ex-ministra Dilma Rousseff. Ao lado do presidente da Câmara e candidato a vice, deputado Michel Temer, do governador Iberê Ferreira e do ex-prefeito Carlos Eduardo, Dilma percorreu as principais avenidas do bairro. A bordo do carro-palanque e vestindo blusa vermelha, teve boa receptividade de comerciantes e consumidores no bairro mais popular da capital potiguar. Para não correr o risco de embate público, ficou definido que apenas Dilma e Temer falariam. No fim do discurso, a ex-ministra lembrou que o DEM fez oposição aos oito anos do governo Lula, inclusive contra o Prouni, ;mas agora quer mostrar que não era oposição. São lobos em pele de cordeiro;, afirmou. Em resposta à petista, o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), adotou a ironia. Disse que a democracia incomoda Dilma e, por isso, ela ataca a oposição. ;Fizemos oposição parlamentar dura, mas limpa, às claras;, comentou. ;Para quem não gosta de oposição, do contraditório, não é adequado disputar eleições no Brasil. O ideal para Dilma seria candidatar-se em Cuba;, enfatizou.